Thursday, March 05, 2009

Projectos de requalificação ambiental da zona costeira de Cascais podem avançar

In Público (5/3/2009)
Luís Filipe Sebastião

«Documento prevê a demolição de viveiros abandonados e de ampliações não legalizadas
em restaurantes na faixa litoral protegida no perímetro do Parque Natural de Sintra-Cascais


A construção de uma cafetaria no forte do Guincho e de um restaurante na bateria da Crismina faz parte do projecto de requalificação e valorização ambiental do troço Guincho-Guia, a desenvolver no âmbito do Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC).

O POOC Sintra-Sado determinou, para a unidade operativa de planeamento e gestão número oito, a elaboração de um projecto de requalificação e valorização ambiental da zona costeira entre o Guincho e a Guia, publicado segunda-feira no boletim municipal. O novo regulamento permitirá avançar "com uma série de projectos em apreciação individualmente no Parque Natural [de Sintra-Cascais], mas que estavam dependentes da aprovação destas normas", explicou o director municipal de ordenamento e planeamento estratégico, Diogo Capucho.
"No fundo, define orientações e enquadra diversas iniciativas públicas e privadas de construção de alguns equipamentos culturais e de restauração", frisa o arquitecto, para além das "medidas na área da requalificação ambiental e de melhoria das acessibilidades". O regulamento determina que as demolições "devem ser executadas no período máximo de um ano" e que sejam deitados abaixo elementos que comprometam "a qualidade geral da intervenção" proposta.

Ampliações ilegais
O projecto aponta para a demolição do posto de vigia degradado a norte da praia do Abano. O restaurante do Abano será remodelado, com ordenamento do estacionamento e criação de acesso à praia e ao forte do Guincho. Neste imóvel de interesse público estão projectadas uma unidade de divulgação ambiental e uma cafetaria, que não podem ultrapassar a implantação pré-existente. O equipamento, a executar pela autarquia, incluirá um passadiço de ligação pedonal ao parque de estacionamento da praia do Guincho.
A zona de parqueamento privada deve ser legalizada, com a salvaguarda das "questões ambientais e de integração paisagística". A via de acesso, em terra batida, permitirá o cruzamento de viaturas. No bar do Guincho será equacionada a desmontagem de ampliações ilegais, remodelado o apoio ao windsurf e relocalizado o apoio de praia.
Os restaurantes Mar do Guincho e Mestre Zé serão objecto de requalificação, com redução de terraços na última unidade. Um novo parque junto à Crismina disciplinará o estacionamento e limitará o acesso às dunas.
A ruína da bateria da Crismina, classificada de interesse público, pode abrigar um restaurante e equipamento cultural, confinados ao perímetro das muralhas. O estacionamento junto ao Faroleiro será regularizado, enquanto o Raio Verde deve retomar a actividade de restauração. O viveiro da Berlenga será transformado em restaurante, ao passo que o de Oitavos será recuperado ou substituído por um novo projecto, desde que respeite a área de construção e volumetria. Nas Furnas do Guincho também serão realizadas demolições pontuais de ampliações. A câmara prevê investir em projectos e obras cerca de 2,5 milhões de euros até 2010.
a A estalagem do Muchaxo deve ser objecto de uma requalificação global, o que incluirá a demolição de várias áreas edificadas que contrariam o POOC. A zona de ampliação mais recente da unidade hoteleira, a nascente, deve ser demolida com a renaturalização do espaço. O resto deve ser requalificado, "visando a sua dignificação e coerência global", incluindo a piscina e áreas envolventes. O bar sobre a cobertura do apoio de praia e a esplanada a nascente também devem ser fechados, preconizando-se a renovação do equipamento balnear. Além da remodelação do parque de estacionamento, também se defende a demolição de uma construção a sul da estalagem, eventualmente para mais área de parqueamento.
O estacionamento merece, aliás, especial atenção, pois será proibida a paragem de viaturas na estrada varrida pelas dunas em frente ao Guincho. O projecto aponta para um parque junto à ribeira da Foz do Guincho (parque de merendas), outro do lado nascente da Rua da Areia e um terceiro do lado oposto da estrada, junto à ruína da casa do guarda da duna da Crismina. Estes parques devem ser servidos por transportes do tipo "busCas", na época balnear, no percurso Guincho-Guia-Bicuda-Torre.
A Casa da Guia viu a maioria das suas estruturas legalizadas ao abrigo do POOC. O projecto, elaborado pelos arquitectos Luís Campos Guerra, da câmara, e Rui Espírito Santo, do Parque Natural de Sintra-Cascais, prevê ainda a demolição dos viveiros abandonados na faixa litoral e a conclusão da via pedonal entre o Guincho e a Guia. "O objectivo é cumprir o que já está definido no POOC", comentou uma fonte do Instituto de Conservação da Natureza, explicando que os licenciamentos vão competir à nova Administração da Região Hidrográfica do Tejo. L.F.S. »

4 comments:

Anonymous said...

JOÃO FRAGOSO

Então quer dizer que voltámos à conversa de xáxa?
Não? Então alguém acredita que o Muchacho vá assim do pé prá mão deitar abaixo as construções abarracadas que construiu ao longo de uma vida inteira? E que os donos dos estabelecimentos de restauração que proliferam ao longo da estrada do Guincho vão acatar as imposições do PNSC e da Câmara sem pestanejar?
Alguns até estão a proceder à modernização das instalações.

NÃO NOS ESQUEÇAMOS QUE A CÂMARA DE CASCAIS NÃO FOI SEQUER CAPAZ DE CONCLUIR O PASSEIO PEDONAL, quanto mais demolir seja o que fôr...

Este afã mediático do Director Municipal de Ordenamento e Planeamento Estratégico é só areia prós olhos (e naquela área há imensa...).

O que importa e passo a citar é a "(a)construção de uma cafetaria no forte do Guincho e de um restaurante na bateria da Crismina".

Tudo isto em nome do bem público e do dito "projecto de requalificação e valorização ambiental do troço Guincho-Guia, a desenvolver no âmbito do Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC)".

O projecto da cafetaria e do restaurante a instalar na bataria da Crismina já anda na internet.

O resto é vento é paleio jornalistico a dar cobertura a miúdos armados em estrategas.

Se querem inteirar-se do que é capaz o PNSC vão à Praia Grande ver o resultado das ditas requalificações. A unica coisa que conseguiram foi deitar abaixo a barraquinha do pão com chouriço que devia ter uns três metros quadrados. Com excepção do parque de estacionamento, delimitado com umas cordas e uns espeques de madeira, onde mais valia estarem sossegados... o resto está tudo na mesma.

Eh pá não nos qeiram tomar por parvos.

Paulo Ferrero said...

Assino por baixo, caro João Fragoso. Mas dou a palavra ao Movimento de Defesa do PNSC.

Anonymous said...

Completamente de acordo com João Fragoso. Se a Câmara sob pressão do Sr Champalimaud não consegue nem acabar o passeio pedonal como é que agora vai buscar forças para demolir os barracos do Guincho?
Quanto aos miudos estrategas é bem verdade que o que querem é projectos catitas (Hotel Estoril-Sol / museu Paula Rego, tão bem apelidado de Crematório, museu do Farol, etc.)que lhes dêem boa imprensa e notoriedade.

M.C. Bastos

Anonymous said...

LOBO VILLA,23-3-09

Enquanto se entretêm ,bem á portuguesa, a discutir com os Srs Capuchos/Champallimauds ( como o PS e o PSD se entretêm,há 8 meses,a embirrar com a nomeação do Provedor de Justiça ...),não se apercebem da ESTUPIDEZ que é construir um Passeio Pedonal,em cima das arribas,destruindo a protecção e a vegetação aí existente, cortando-a( "limpando-a",em linguagem camarária á CMC) e artificializando/betonando toda a faixa costeira,tudo ao contrário das várias Convenções Europeias por nós assinadas, tudo ao contrário da civilização europeia actual...
Que ESTUPIDEZ !!!