Wednesday, April 14, 2010

Verões em Cascais poderão ser dez graus mais quentes em 2100

In Público (14/4/2010)
Por Ricardo Garcia

«Estudo sobre as alterações climáticas no concelho aponta para praias menores, danos na saúde e o fim do vinho de Carcavelos. Mas há incertezas

No futuros

As praias da Linha quase sem areia. Mais doenças transmissíveis por insectos. Menos água nas ribeiras. Mais fogos florestais. Menos biodiversidade. O fim do vinho de Carcavelos. O futuro definitivamente não parece risonho para Cascais, de acordo com os cenários de um plano estratégico para as alterações climáticas, que a câmara municipal apresenta hoje.

A antevisão do concelho em 2100 foi feita pela mesma equipa científica do projecto SIAM, um vasto estudo interdisciplinar sobre os impactos das alterações climáticas em Portugal. Não contém previsões do que irá acontecer, mas cenários do que pode acontecer, com base em histórias diferentes do mundo no futuro.

Resultados: Cascais será até 10 graus Celsius mais quente no Verão e o mar poderá subir um metro acima do nível actual. Caso não haja medidas de adaptação, a consequência mais visível será a perda de areia das praias voltadas a sul. A do Tamariz encolherá em 84 por cento até 2100. As praias da Conceição e da Duquesa, 78 por cento. São Pedro e Carcavelos, 64 e 67 por cento. Já o Guincho ficará quase na mesma.

Para o vice-presidente da câmara, Carlos Carreiras, este não é o dado mais inquietante. "O que nos preocupa são os efeitos nas condições de saúde e de bem-estar, e na perda de biodiversidade", diz. Na saúde, as ondas de calor, as doenças transmitidas por insectos e a poluição atmosférica são os efeitos mais graves.

No domínio do lazer, medidas como a alimentação artificial das praias podem reduzir o problema das areias. Mas há outras modificações possíveis. Cascais aquecerá menos do que o interior do país e por isso poderá atrair mais visitantes nacionais. A água do mar mais quente também tornará a praia mais apetecível.

Por outro lado, o Verão pode ser demasiado tórrido. "O futuro será desconfortavelmente quente em alguns dias de Abril a Outubro", lê-se no estudo. Jogar golfe, nesses dias, seria um inferno. Poderá haver, por isso, uma distribuição diferente dos turistas ao longo do ano.

Impactos mistos

Nem tudo é negativo num futuro mais quente. Há peixes de interesse comercial e determinadas culturas agrícolas que ganharão com o calor. O próprio vinho de Carcavelos, que tem cenários fatais para 2100, pode ser beneficiado numa primeira fase. Mas o estudo admite que há muitas incertezas neste caso, devido ao desconhecimento da tolerância daquelas castas a um clima mais quente.

Todo o Plano Estratégico de Cascais para as Alterações Climáticas está envolto nas debilidades próprias dos modelos de simulação do clima e dos cenários do que será o mundo até ao final do século. "Temos de olhar [para o estudo] com alguma cautela, tendo em conta que há algumas incertezas", afirma Filipe Duarte Santos, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, coordenador do trabalho. O investigador sugere que a avaliação seja repetida em intervalos regulares, com base em novas metodologias.

Carlos Carreiras diz que o concelho já tem em curso algumas medidas de adaptação ou mitigação das alterações climáticas. Mas reconhece que não é num mandato que se resolve tudo. "Trata-se de uma matéria que não vive de espaços temporais curtos, nem de medidas isoladas", afirma. "Esta é uma peça estratégica de médio a longo prazo"».

...

Só duas coisas:

1. O vinho de Carcavelos já não existe, o que existe é algo com um rótulo a dizer "Vinho de Carcavelos".
2. Duas das "medidas de adaptação ou mitigação das alterações climáticas" foram o abate de árvores de grande porte na Vila Montrose e a construção do novo "amigo do ambiente" Estoril-Sol.
Haja pachorrar!

11 comments:

MnelVP said...

Efectivamente, um dos grandes responsáveis pelo desaparecimento das areias entre o Mte Estoril e o Tamariz foi monstro do Estoril Sol que bloqueava os ventos de Norte responsáveis pela acumulação de areias no Verão (que desaparecem no Inverno com os ventos de Sudoeste).
Durante os poucos anos em que não houve nenhuma parede, a areia voltou lentamente.
O novo edifício (apesar de ter uns "buracos") não foi pensado para resolver este problema. Isso demonstra o quão importante as areias, relativamente à arquitectura ditatorial, são.

Anonymous said...

"Temos de olhar [para o estudo] com alguma cautela, tendo em conta que há algumas incertezas". diz o coordenador do estudo.

Algumas incertezas, mas muitas e variadas oportunidades, digo eu. Sobretudo em new jobs. Conversa fiada e mais um estudozeco onde se gastaram uns milhares de euros. Estão a preocupar-se com o que vai acontecer daqui a noventa anos e nos últimos anos não foram sequer capazes de resolver coisas tão comezinhas como p.e. a falta de iluminação no centro de Cascais.

E o Estoril-Sol Residence? Esse já lá está pronto para em 2100 receber os parvenus que com o desaparecimento das praias hão-de montar toalha no esqueleto de ferro. Sim porque nessa altura, e em face dos Verões tórridos que o estudo aponta como inevitáveis, o presidente da Camara que então governará Cascais já terá providenciado a construção de um moderno e ultra arrojado edificio que ficará conhecido como Barco dos Pilotos* Residence.
O mundo está a aquecer ? Está. E de que maneira...

João Fragoso

* Se chegou há pouco e não sabe o que era o Barco dos Pilotos, pergunte que alguém explicará.

Carlos Portugal said...

Bom, creio bem que acontecerá exactamente o contrário, já que o alegado «aquecimento global antropogénico» já foi desmascarado como uma gigantesca fraude, com vários objectivos:
1 - impedir a industrialização do 3º Mundo, para que este não faça concorrência às multinacionais do 1º;
2 - arranjar nichos de mercado (ou seja, novas «oportunidades») para as energias ditas «alternativas», nas mãos dos «amigos», flagrantemente insuficientes e ineficazes (bastam simples cálculos para o demonstrar);
3 - extorquir mais impostos à população - as ditas «taxas de carbono» - que não os aceitaria sem esta propaganda absurda.

Na verdade, o clima global - influenciado maioritariamente pela actividade solar, e não humana - está a arrefecer com velocidade crescente, pelo menos desde há seis anos. O longo período de actividade solar diminuída (sem manchas) indicia um período alargado de arrefecimento, possivelmente até uma glaciação. Tal já foi observado, por exemplo, durante a mini-glaciação do Séc. XVII.

O que é grave, e caricato, é os «media» ditos «de referência» continuarem a papaguear a mesma «cassete» do «aquecimento global», mesmo após o fracasso estrondoso da Conferência de Copenhaga, abandonada devido a um nevão recorde.

Lembremo-nos de que o CO2 é inócuo e, por ser 1,5 vezes mais pesado do que o ar (pode ser verificado em qualquer tabela de gases) nunca sobe às altas camadas da atmosfera para provocar o tal «efeito de estufa». Mais, o CO2 é necessário à fotossíntese das plantas; sem ele, não há vida...

E a «contribuição» antropogénica para o alegado «aquecimento» não chega a 0,5% do total. É o mesmo que querer aquecer um estádio no Inverno com um isqueiro...

Afinal, os tais interesses obscuros - as tais «oportunidades» falam mais alto, tentando criar a ilusão de uma realidade comprovadamente virtual.

Cumprimentos

Cascais merece melhor do que ser a terra do frango assado! said...

Já que se fala de bom ambiente e qualidade do ar o que dizer do que se passa há anos no centro de Cascais, nas barbas da Câmara, em que dois estabelecimentos de frangos empestam de fumo e cheiro nauseabundo a zona nobre da vila?

Onde pára a fiscalização da qualidade do ar neste caso? Podem estes cavalheiros prejudicar toda uma população para fazerem o seu negócio?

Experimentem tentar desfrutar do jardim Visconde da Luz num dia bonito como hoje, fiquem uma hora por ali e depois digam como ficaram com a roupa... a tresandar a frango! Pelo amor de Deus, é altura de alguém tomar medidas. Empiricamente, basta subir uns metros às chaminés, estudos poderão dizer quanto. O problema tem solução. Os senhores dos frangos é que podem não estar para aí virados. E a Câmara, o que diz?

Não se pode fazer um abaixo assinado, ó senhores do blogue?

Cascais merece melhor do que ser a terra do frango assado!

Anonymous said...

Perfeitamente de acordo com os comentários anteriores.
Basta de impunidade na capoeira destes senhores.
Ponham a circular o abaixo assinado contra o (mau)cheiro a frango assado.

Carlos Silva said...

E já agora em relação aos frangos, a ocupação da via pública que foi feita ao longo dos anos pela casa de frangos na Casa Velha ( Jardim Visconde da Luz), reparem bem, já só falta meter tijolos, sim porque aquilo já não é uma esplanada como todos os outros, será que estes senhores tem algum poder na CMC.

Anonymous said...

Do concreto que aqui se fala , tudo tem solução menos as árvores de grande porte,que a CMC odeia e que sistemáticamente abate ...

Anonymous said...

Já agora para quando a retirada do restaurante, e o respectivo estacionamento, que ocupa o jardim Visconde da Luz há décadas. No mesmo local poder-se-ia instalar um parque infantil para as crianças brincarem.

João Fragoso

Anonymous said...

Acontece que os restaurantes referidos, são financiadores de campanhas eleitorais e, principalmente, de muitos repastos aos srs. directores e decisores politicos da autarquia. "pela boca morre o peixe". Sim é verdade, ainda se consegue fazer corrupcção com frangos e camarão.
Quem tiver duvidas que fique no jardim a fotografar funcionarios de salários médias a, sistemáticamente, almoçar em restaurantes de preço médio elevado.
A cervejaria mais para o lado da praia (do meu dono) também incrementou a sua area, na via publica, á conta das almoçaradas!!!

Julio Amorim said...

"Já o Guincho ficará quase na mesma."

Ficará, ficará...em 2100 já será Vila do Guincho, pois era bonita demais para ficar em paz !!!!

BRUTOS !

Anonymous said...

O anónimo anterior põe e bem o dedo na ferida. A interrogação sobre como é possível funcionários com salários médios serem vistos a almoçar quase diariamente em tudo quanto é restaurante caro é muito pertinente. A pequena e grande corrupção também almoça por aí.