Wednesday, February 01, 2012

"Cenário desolador" do centro de Cascais

In Diário de Notícias, 31-01-2012. Via Lusa.

Lojas a trespasse, paredes pintadas com "graffiti", ruas desertas, é o atual estado do centro de Cascais a que assistem os comerciantes que resistem à crise e que recordam a zona outrora movimentada e hoje transformada num "cenário desolador".

Fotografia © Steven Governo/Global Imagens


Entre bocejos e o folhear da página de uma revista, Cidalina Santos, que há mais de 30 anos monta todos os dias a sua banca de venda de bijutaria na Rua Frederico Arouca (antiga Rua Direita), recorda com nostalgia a azáfama de outros tempos em que "nem sequer tinha tempo de respirar".
"Isto está péssimo, não se vende nada, não há aqui ninguém. Chegámos a ser 15 pessoas a vender aqui na rua e havia trabalho para todas, agora estou só eu e mais duas com a banca montada", afirma Cidalina à agência Lusa.
Também Luís Santos, funcionário há 16 anos da emblemática "Sapataria Carneiro" (aberta há 50 anos), lamenta a falta de clientes, a atual conjuntura económica e a "decadência" em que vive o comércio na baixa de Cascais.
"É um cenário desolador, isto está deserto. Tenho clientes antigos que já chegaram a chorar dentro da loja, porque ficaram dois anos sem cá vir e agora ficam chocados com o que veem [lojas fechadas]", disse o comerciante, sublinhando que tem registado uma quebra de 60 por cento nas vendas.
O mesmo sentimento tem Mírilio Carlos, proprietário da "Ourivesaria Carlos". "Estou aqui há 54 anos e não me lembro de ver uma crise como esta. É uma grande tristeza o que eu sinto. Isto já não é rua, já não é nada, nem sequer é Cascais", disse o proprietário, que ainda se lembra do tempo em que a Rua Direita era invadida por um "mar de gente, em que mal se via a calçada".

A juntar à crise, a mudança de hábitos dos clientes, a falta de segurança e de estacionamento e a desertificação da vila são outras das razões apontadas pelos lojistas para esta situação.
No entanto, estes comerciantes vão resistindo, o mesmo não acontece com outros que, ou já fecharam ou preparam-se para fechar. É o caso de uma loja de venda artesanal na Rua Direita que, aberta há mais de 30 anos, prepara-se para encerrar. "Já não conseguimos suportar mais. A cada ano que passa as coisas estão piores e agora já não há volta a dar. Já fui informado pelos meus patrões que a loja vai fechar em breve", lamenta o funcionário Sérgio Silva.
O presidente da Associação Empresarial do Concelho de Cascais (AECC), Armando Correia, confirma à Lusa que "centenas de lojas encerraram nos últimos anos", uma situação que tende a agravar-se devido à atual conjuntura económica e aos elevados preços das rendas.
"Agora refletiu-se mais por causa crise, mas há outro fator que tem contribuído para esta desertificação de comércio que está relacionado com os preços exorbitantes das rendas pedidas pelos proprietários, impedindo que a loja volte a ser ocupada", acrescenta o responsável, sublinhando que, neste momento, a renda de uma loja na baixa de Cascais custa cerca de três mil euros.
Para combater a situação, Armando Correia apela a mais ações de dinamização do comércio tradicional e sugere aos comerciantes que apostem numa "personalização ao cliente", de forma a distinguirem-se dos centros comerciais.

5 comments:

Julio Amorim said...

Pois, pois....há muito senhorio a dar um tirinho no pé....e de uma para a outra:
Que raio é que aquelas latas com quatro rodas estão a fazer naquela bela Praça ?

Anonymous said...

a CMC continua a achar que cascais é uma vila cosmopolita e nunca se preocupa em renovar, inovar, em fazer seja o que for (a nao ser campeonatos de vela...) é das vilas mais tristes que conheço em portugal...

Anonymous said...

Que saudade do meu Cascais...Não sei de quem foi a culpa, ou talvez saiba,todos aqueles que têm passado pela C.M.C que não são de cá, nem deste concelho...como podem ter amor a esta terra?Sinto um imenso e profundo desgosto, por aquilo que aqui têm feito.O largo da estação...que vergonha! O comércio de rua, sem qualidade, as árvores que deixaram de ser podadas, e que agora vão "matando", com uma serra, porque dizem...estão velhas e em perigo de cair...a minha praia do peixe, o que lhe fizeram!!! Veêm-me as lágrimas quando olho para a lixeira junto á muralha...as lojas da minha infância que fecham... mas que fazer?

Anonymous said...

Agradeçam a policia municipal , que muitas vezes parece que esta ao serviço das grandes superficies .

Anonymous said...

Anonymous said...
psp é estado !!!!!
vergonha É A POLICIA MUNICIPAL andar a perseguir as pessoas , policia camararia , com o nosso dinheiro, dinheiro da camara !!!
Agora ate ja sao os respomsaveis pelos parquimetros .
VERGONHAAAAAAAAAAAAAA