Friday, October 20, 2006
Mais de mil assinaturas contra torre na marina de Cascais
In Jornal de Notícias (19/10/2006)
Gina Pereira
"Mais de mil pessoas já assinaram a petição de contestação ao projecto de requalificação da marina de Cascais, que decorre desde o passado dia 6, na internet. Os subscritores do documento apelam ao presidente da Câmara Municipal de Cascais (CMC), António Capucho, para que "faça cessar o desenvolvimento do plano em curso e proceda à sua remodelação, designadamente anulando a construção da torre-hotel e não deixando que as restantes construções abafem, pelo seu volume, o edificado envolvente".
O plano de remodelação da marina - encomendado pela "MarCascais" ao ateliê Promontorio Arquitectos e em apreciação nos serviços camarários - foi apresentado, no passado dia 27 de Julho, nos Paços do Concelho. Orçado em 164 milhões de euros, o projecto foi apresentado como uma saída para a difícil situação financeira da marina, que acumula prejuízos há vários anos.
A proposta prevê a demolição dos edifícios actualmente existentes e a construção de uma nova estrutura que irá congregar espaços para lojas e espectáculos, apartamentos turísticos, um centro de congressos e um hotel, que irá ocupar uma torre em vidro translúcido, com cerca de 30 andares e 100 metros de altura.
É este edifício, a erguer numa zona conquistada ao mar, que suscita mais críticas. Os subscritores do documento estão "preocupados com o impacto no meio e na paisagem", por considerarem que "a torre resultará numa nova obstrução às vistas que, pela sua altura e proximidade da vila, se tornará obsessiva e esmagadora".
Paula Mascarenhas, presidente da direcção do Grupo Ecológico de Cascais e subscritora do documento, não concorda com o projecto. Lembra que se trata de uma zona de risco sísmico e alerta para a ausência de um estudo de impacte ambiental. "Não se percebe como é que, numa altura em que tanto se fala de alterações climáticas e do aumento do nível da água do mar, se propõe um projecto com esta densidade", disse, ao JN, adiantando que o volume de construção irá triplicar face ao actual.
Além de considerar a torre um "choque paisagístico", Paula Mascarenhas diz que não foram feitos os cálculos com os gastos energéticos. "É insustentável", diz, explicando que o anunciado recurso à energia fotovoltaica não será suficiente para garantir o arrefecimento do edifício.
Também Eugénio Sequeira, presidente da Liga para a Protecção da Natureza e residente em Cascais, subscreveu a petição por considerar que o projecto é "uma asneira crassa". "É uma fuga para a frente", diz, considerando que projectos como este "degradam o turismo" e "descaracterizam a terra".
"A torre pode ser linda, mas o que é que tem a ver com a baía de Cascais?", questiona, contestando a sua classificação como Projecto de Interesse Nacional (PIN), como foi feito com os empreendimentos turísticos previstos para o Cabo da Roca e para o Sudoeste Alentejano. Em seu entender, "o Governo está-se nas tintas para as consequências sociais e ambientais" que estes projectos terão a longo prazo".
PF
Gina Pereira
"Mais de mil pessoas já assinaram a petição de contestação ao projecto de requalificação da marina de Cascais, que decorre desde o passado dia 6, na internet. Os subscritores do documento apelam ao presidente da Câmara Municipal de Cascais (CMC), António Capucho, para que "faça cessar o desenvolvimento do plano em curso e proceda à sua remodelação, designadamente anulando a construção da torre-hotel e não deixando que as restantes construções abafem, pelo seu volume, o edificado envolvente".
O plano de remodelação da marina - encomendado pela "MarCascais" ao ateliê Promontorio Arquitectos e em apreciação nos serviços camarários - foi apresentado, no passado dia 27 de Julho, nos Paços do Concelho. Orçado em 164 milhões de euros, o projecto foi apresentado como uma saída para a difícil situação financeira da marina, que acumula prejuízos há vários anos.
A proposta prevê a demolição dos edifícios actualmente existentes e a construção de uma nova estrutura que irá congregar espaços para lojas e espectáculos, apartamentos turísticos, um centro de congressos e um hotel, que irá ocupar uma torre em vidro translúcido, com cerca de 30 andares e 100 metros de altura.
É este edifício, a erguer numa zona conquistada ao mar, que suscita mais críticas. Os subscritores do documento estão "preocupados com o impacto no meio e na paisagem", por considerarem que "a torre resultará numa nova obstrução às vistas que, pela sua altura e proximidade da vila, se tornará obsessiva e esmagadora".
Paula Mascarenhas, presidente da direcção do Grupo Ecológico de Cascais e subscritora do documento, não concorda com o projecto. Lembra que se trata de uma zona de risco sísmico e alerta para a ausência de um estudo de impacte ambiental. "Não se percebe como é que, numa altura em que tanto se fala de alterações climáticas e do aumento do nível da água do mar, se propõe um projecto com esta densidade", disse, ao JN, adiantando que o volume de construção irá triplicar face ao actual.
Além de considerar a torre um "choque paisagístico", Paula Mascarenhas diz que não foram feitos os cálculos com os gastos energéticos. "É insustentável", diz, explicando que o anunciado recurso à energia fotovoltaica não será suficiente para garantir o arrefecimento do edifício.
Também Eugénio Sequeira, presidente da Liga para a Protecção da Natureza e residente em Cascais, subscreveu a petição por considerar que o projecto é "uma asneira crassa". "É uma fuga para a frente", diz, considerando que projectos como este "degradam o turismo" e "descaracterizam a terra".
"A torre pode ser linda, mas o que é que tem a ver com a baía de Cascais?", questiona, contestando a sua classificação como Projecto de Interesse Nacional (PIN), como foi feito com os empreendimentos turísticos previstos para o Cabo da Roca e para o Sudoeste Alentejano. Em seu entender, "o Governo está-se nas tintas para as consequências sociais e ambientais" que estes projectos terão a longo prazo".
PF
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