
«Foi cometido um crime contra a paisagem urbanística e natural da Costa do Estoril.
Este e outros testemunhos sobre ume república das bananas chamada Portugal
em Causa Nostra
http://www.everyoneweb.fr/causanostra
As torres da Vergonha erguem-se imponentes, arrogantes e esmagadoras, como esmagador e arrogante é o seu desprezo pela magnífica costa do Estoril, que sempre soube, ao longo da marginal que vem de Lisboa até Cascais, presentear os portugueses e os visitantes estrangeiros com uma equilibrada e requintada arquitectura e uma edificação urbanística exemplar, raramente observadas em outros litorais nacionais e europeus.
Dignas da extraordinária beleza natural desta região, as soberbas moradias e palacetes, rodeados por jardins e pinhais, verdadeiras jóias arquitectónicas, foram, durante décadas, representativas do esplendor e do charme desta costa contribuindo para o seu sucesso.
Hoje, a primeira região oficial de turismo do País, sendo conhecida internacionalmente como a Riviera Portuguesa está ferida de morte. Foi cometido um crime contra a sua silhueta urbanística e natural, autêntico património mundial, contra o ambiente, contra o desenvolvimento turístico nacional e contra os portugueses.
Este crime revoltante, destruidor da magnífica paisagem natural e urbanística da Costa do Estoril, tem como principais autores o Presidente da Câmara de Cascais, a empresa Estoril-Sol e o autor deste lamentável aborto arquitectónico, o sr. Gonçalo Byrne.
Sobre este último personagem podemos dizer que merece o prémio da mediocridade e da pirosisse arquitectural. Em substituição do anterior mamarracho, não soube imaginar um edifício capaz de se inserir harmoniosamente na vila de Cascais e na linha da costa. Desde a Azarujinha até Cascais, o nosso olhar é agredido pela desconfortante visão dos caixotes envidraçados. É uma obra grotesca, um insulto à inteligência de qualquer pessoa, e é, sobretudo, o símbolo das nossas elites parolas. As torres Byrneanas mesmo em zonas modernas de uma qualquer cidade europeia, seriam vistas como uma aberração do ponto de vista estético. Do alto da sua compactada imponência, elas brilham, no reflexo das suas ridículas carapaças esmaltadas, pela simplicidade parola de um estilo pomposo a cheirar ao minimalismo cá da terra.
O próprio tipo de construção que foi adoptado deveria ser tomado em consideração por qualquer autarca minimamente inteligente.
O ferro e o vidro são os materiais de maior desperdício de energia. São também os materiais que mais aquecem. È fácil imaginar os custos energéticos de uma tal construção. Devoradora de energia, poluidora em todos os sentidos, destruidora da harmonia paisagística de uma das mais belas regiões de Portugal, a Estoril Sol Residence, às portas de Cascai é uma das inúmeras consequências de projectos que esta autarquia se obstina a levar a cabo numa total ausência de bom senso e num claro desprezo pela opinião dos cidadãos. Já em 2006, um projecto completamente megalómano, uma torre-hotel de 100 metros de altura, trinta andares, na Marina de Cascais, revestida de vidro e que a municipalidade anunciava como um novo “farol” do turismo no concelho (!) foi, abandonado graças à mobilização cidadã dos munícipes.
É confrangedor que ninguém, nas altas esferas do Estado, tenha criticado, protestado, combatido esta ignomínia. É revoltante que os nossos políticos, os nossos intelectuais, os nossos artistas sempre prontos para defender as mais esdrúxulas causas, se tenham abstido de defender um património tão significativo.
As torres da Vergonha erguer-se-ão como a face visível da Vergonha que alastra por este país fora. Vergonha a ferir-nos a honra e a alma, pela corrupção, pela cumplicidade entre os senhores dos dinheiro e os lacaios que nós, infelizmente, elegemos para nosso mal e para a continuidade desta farsa a que eles chamam Democracia.»