Friday, November 19, 2010

Autarca do CDS-PP acusado de desviar 243 mil euros

In Público (19/11/2010)
Por José António Cerejo

«Tesoureiro da Junta da Parede foi substituído anteontem. Autarquia diz que já apresentou queixa-crime e que o Ministério Público já está a investigar

O presidente da Junta de Freguesia da Parede, concelho de Cascais, anunciou anteontem à noite a descoberta de uma fraude de cerca de 243.000 euros, atribuída ao tesoureiro da autarquia. A revelação foi feita no decurso de uma reunião da assembleia de freguesia, tendo o presidente da junta, Carlos de Oliveira, eleito pelo PSD numa lista de coligação com o CDS-PP, adiantado que já foi interposta uma queixa-crime contra o anterior tesoureiro da junta, eleito pelo CDS-PP na mesma coligação, em Outubro do ano passado.

De acordo com o autarca social-democrata, a assembleia foi também informada de que já estava a decorrer uma auditoria encomendada pelo executivo, tendo sido eleito nessa mesma sessão o substituto do presumível autor do desvio do dinheiro, João Carrilho Magno.

Carlos de Oliveira disse ao PÚBLICO, ontem à noite, que João Magno, de 40 anos, apresentou a sua demissão "há dias", depois de ser confrontado com o resultado das primeiras análises às contas, efectuadas depois do aparecimento das suspeitas iniciais. O autarca entrou em funções em Junho, após o falecimento do seu antecessor, e disse ter-se apercebido da "gravíssima" situação financeira da autarquia já em Setembro. Segundo afirmou, foram encontradas facturas falsas, outras viciadas e ainda outras que foram pagas várias vezes, havendo também transferências bancárias suspeitas, somando as verbas em falta cerca de 243.000 euros.

O PÚBLICO tentou ouvir João Carrilho Magno, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.

Em declarações à agência Lusa, o líder concelhio do PSD, Gabriel Goucha, qualificou o caso como "lamentável" e afirmou que "a honestidade está nas pessoas e não é da responsabilidade dos partidos políticos." E acrescentou que é preciso esperar pela investigação "para apurar se há mais culpados ou não".

Já o líder do CDS-PP de Cascais, Pedro Morais Soares, disse apoiar "inteiramente" o presidente da junta e exprimiu o desejo de ver "rapidamente" apuradas todas as irregularidades e responsabilizados todos os envolvidos.

O PS de Cascais, por seu lado, qualificou a situação como "extraordinariamente grave" e referiu-se a ela com "profunda indignação". Num comunicado citado pela Lusa, o presidente da concelhia do PS, Alípio Magalhães, disse "estranhar" que só agora tenha sido detectada a falta de "um valor correspondente a mais de um terço do orçamento anual da Junta". O PS, acrescentou, acompanhará o caso, "não permitindo que a culpa morra solteira".»

2 comments:

Anonymous said...

O líder concelhio do PSD diz que a "honestidade está nas pessoas e não é da responsabilidade dos partidos políticos". Pergunto: Mas quem escolhe as pessoas não são os partidos?. E com que critério?

Parafraseando um dito popular de que por sinal até gosto pouco: Em casa manda a mulher, mas quem manda na mulher sou eu.

Mais uma pedrada na credibilidade dos "eleitos".

João Fragoso

Anonymous said...

É por estas e por outras, que o País está assim.

Isto já é normalíssimo, de se ler e ouvir; contudo não havia ninguém a controlar os dinheiros? Ou será que há outros?