Monday, December 18, 2006

Ainda o diagnóstico no Diário de Notícias (13/12/2006)

"Tida como 'zona bem', a Linha de Cascais é habitada por gente muito rica e por gente muito pobre. Por isso, os preços das casa são tão diversificados

Por regra, quem sempre morou aqui na casa dos pais, quer continuar cá

Riquíssimos ou paupérrimos, uma coisa é certa: independentemente do estatuto socioeconómico, quem mora na Linha de Cascais gosta e nem lhe passa pela cabeça mudar de poiso. Que o digam alguns especialistas do ramo imobiliário, cujas impressões partilhadas com o DN vão precisamente nesse sentido.

Asseguram que é a proximidade do mar, as facilidades de acesso a Lisboa e a identificação com um certo status que "prendem" as pessoas a quatro paredes (e há paredes e paredes) erigidas naquela que é conhecida como a "zona bem" da periferia alfacinha. Mas mais do que tudo, os mediadores ouvidos são da opinião (pegando na de um) de que "ninguém vem morar para Linha por acaso".

Quem o diz é Marina Neves, gerente da Remax Carnaxide, cuja experiência lhe permite afirmar que "as pessoas que procuram casa na Linha , nomeadamente em Carnaxide, têm uma ligação familiar qualquer com a zona". Ironizando, esta responsável garante haver "muitos jovens que sempre viveram aqui e que, quando casam, quase 'obrigam' o parceiro a vir morar para cá". À sua espera têm "um mercado sui generis ". Quem optar por morar no centro, vê numa casa de 20 ou 30 anos o espaço ideal para viver. Já os que podem ou preferem comprar um imóvel novo, escolhem Nova Carnaxide ou a zona entre Carnaxide e Alfragide, onde um T2 a estrear ronda os 220 mil euros. Independentemente da localização, Marina Neves garante que, para o bem e para o mal, este é "um dormitório com vida muito própria devido aos núcleos empresariais". Também Sol de Olos, sócia-gerente da Remax Cidadela, "vende" Cascais como sendo uma vila de onde não é preciso sair para obter seja o que for. Aqui, ao contrário da ligação directa que é feita, não vive só gente com muitas posses. "Temos uma grande mistura social. Há pessoas muito ricas, é certo; mas também existem muitos pobres. Por isso, as casas são dos mais diversos valores", esclarece Sol, sublinhando, no entanto, que o que tem mais saída são as habitações concebidas para pessoas abastadas. E exemplifica "vendem-se com facilidade condomínios de luxo com vista para o mar, piscina e segurança ou moradias na Quinta da Marinha ou Birre, onde as casas antigas para remodelar têm uma procura brutal".

Estes são, no entanto, imóveis impossíveis de adquirir pelos jovens que sempre moraram em Cascais e "não querem mudar de forma alguma". Rui Cardoso, director comercial da AtivaLux, em Cascais, partilha da mesma opinião. "Há muita gente nova que procura casa no sítio onde sempre morou. Eu próprio, que vivo com os meus pais, gostaria de continuar a morar aqui", exemplifica, sublinhando que o mesmo se passa no seu círculo de amigos.

Este é um cenário igualmente real em Carcavelos, onde o mercado imobiliário tem muita rotatividade. Quem o diz é José Manuel Quinteiro, responsável pela Remax Riviera II, assegurando que as pessoas "vão trocando de casa conforme o seu poder de compra". Isto confirma a sua teoria do "quem vive na linha quer manter-se por cá". Mas há também muitos investidores outsiders e pessoas que procuram uma segunda habitação. Na Urbanização de São Gonçalo, a mais recente junto ao mar, é, segundo José Quinteiro, muito procurada "por quem quer comprar uma casa para passar férias e investigadores que compram para vender, nomeadamente, a quadros da NATO, já que o edifício fica próximo".

Mas como o dinheiro varia de bolsa para bolsa e nem todos podem aceder a certos luxos, os T2 e os T3 são os imóveis mais procurados em toda a Linha . Victor Sérgio está à vontade para o dizer, já que a Veigas & Veigas, onde é consultor imobiliário, trabalha nesta zona. Onde a sua vasta experiência lhe diz que "é muito raro encontrar alguém que queira de cá sair, a não ser por questões monetárias".
Autor: ISALTINA PADRÃO
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PF

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