O genuíno «Pereira» não era restaurante algum, antes uma casa de pasto melhor que muitos restaurantes (e com melhor clientela do que a maior parte das marisqueiras do Guincho), que nem sequer se chamava coisa alguma, era anónimo. No genuíno, os olhinhos vivaços e as unhas negras do Sr.Pereira conviviam com o lápis por detrás da orelha, e com as azeitonas de truz, e os queijinhos bem fresquinhos. E com o programa de televisão colocada ao alto. Enquanto os filhos serviam à mesa, às mesas que pareciam corridas, tal a confusão de gente. Mas o que importava ali era saber, de antemão, se a mulher do Sr.Pereira estava a comandar a cozinha naquela noite, razão: as insuperáveis batatas fritas às rodelas, as iscas com elas, o arroz doce perfeito, o flan na forma. Depois, o cansaço sobrepôs-se ao negócio e a casa foi vendida, a quem continuou a tradição: hoje, o Pereira é nome de restaurante afamado de Cascais, os preços subiram, a sala mudou-se para prédio modernaço, os sabores são parecidos, mas o ambiente foi-se.
PF
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2 comments:
Pois! É realmente perturbante o (des)caminho desatinado que se vê em Cascais (mas não só): assiste-se a uma paulatina mortandade dos sítios e pessoas e à substituição de quase tudo, por uma modernice ignorante, que impede que o que de melhor tem a modernidade e o progresso, possa contribuir para uma melhor cidade. Repito: é confrangedor o estado do comércio na zona antiga de Cascais. O comércio na rua direita é de fugir! Uma profunda tristeza!
Cascais - pela fealdade e inadequação de tantas coisas -está hoje ao nível de uma pequena povoação piscatória Grega: "Neo-marmaras". Ali para o norte, quase Turquia, perto de Salónica. Só que Neo-marmaras é mesmo uma pequenísssima povoação à volta de uma amável baía. E como não pretende ser mais do que isso, tudo está certo ali. Mas Cascais é muito maior, e quer ser maior (tudo bem), mas pensa que é maior e julga-se maior (É triste). Ponto final!
PP
boa posta. ganda bife. ganda arroz doce.
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