27JAN2009
Por MILENE MATOS SILVA
Um novo edifício de linhas modernas, situado no centro histórico da vila piscatória, está a causar polémica. A discussão surgiu no Blog da Internet Cidadania Cascais, onde se podem ler várias queixas sobre volumetria da construção. A população divide-se quanto ao impacto da nova casa da Farmácia Cordeiro.
“Não entendo é o que aquele edifício tem de comum com os edifícios envolventes. Traça modernista junto da traça antiga, propensa a que dentro em breve aquela zona seja algo que nada tem a ver com a vila de Cascais”, avança Fernando Boaventura no Blog Cidadania Cascais, levantando também a questão da alteração ao Plano Director Municipal (PDM) dado que o edifico está a uma cota superior aos restantes da zona.
Ora de acordo com o vice-presidente e vereador do Urbanismo na Câmara Municipal de Cascais (CMC), Carlos Carreiras, "o edifício cumpre todos os regulamentos vigentes", e acrescenta que a alteração ao PDM "nem sequer está em questão", na zona.
Situado no centro da vila, que data do século XII, entre a rua direita de Cascais e o largo Cidade Vitória, trata-se de um edifício onde está a funcionar a Farmácia Cordeiro. Ficou concluído há uma semana e insere-se numa das artérias de comércio tradicional. Também Paulo Ferrero, outro interveniente, considera a nova construção uma "Mono", acrescentando que "é inadmissível que tenham deixado construir neste espaço".
Para José d'Encarnação, fundador da associação Cultural de Cascais (uma instituição que procura a preservação do património arquitectónico), "a volumetria do edifício é excessiva e as linhas estão completamente desenquadradas, numa rua que tem características específicas no coração da vila". O membro da associação e arqueólogo diz ainda "não colocar em causa o projecto de arquitectura", no entanto, refere que "a sua localização é que é desadequada", porque "a rua direita tem um significado em todas os centros históricos".
A população está dividida sobre o projecto, para João Silva, este novo edifício "vem retirar ao centro de Cascais as suas características de vila histórica, trazendo consequências para o turismo". De acordo com este morador, "existem muitos locais em Cascais onde se pode apostar na arquitectura moderna".
Ainda segundo João Silva, "já chega de tanta construção, com a agravante que cada novo edifico apresenta-se com uma arquitectura diferente fazendo do centro de Cascais uma manta de retalhos". Já para Francisca Curro Graça, também moradora, "a nova estrutura está gira, moderna e tem linhas simples, com cores discretas, que se enquadram bem na zona".
O vereador recusa-se comentar aquilo que considera ser "teorias de gosto e estética". Carlos Carreiras garante ainda que todas as decisões foram tomadas com base em "pareceres técnicos".
No mesmo jornal
Por: Rui Rama da Silva
O Mono da Rua Direita
Já é do conhecimento e apontado como tal: O Mono da Rua Direita de Cascais. O edifício já lá estava. Á data em que foi construído também destoou mas, perante o mau estado dos envolventes e a falta de intervenção planificada para o local, fomo-nos habituando a ele.
Cada um tem o seu gosto, o seu sentido estético. Mas nesta apreciação não me baseio no meu gosto pessoal, discutível como tantos outros, mas apenas na lógica do conjunto construído, na coerência de estilos envolventes, numa cultura arquitectónica local existente e dominante.
Tanto zelo posto no acompanhamento do projecto de adaptação da “Casa do Retratista”, que resultou amaneirado mas, apesar de tudo, combinável com a envolvente.
O problema da cota do edifício superior aos restantes não o deixa de ser mas, apesar de tudo, não será o maior.
O maior, está num conjunto de três alçados, porventura adequáveis a outro local com outras características, mas, no sítio e nas circunstâncias, tornado o dito mono, de quem já muita gente fala como o desenho errado para o local errado.
O responsável autárquico pelo licenciamento da dita obra, laconicamente, veio justificar que “o edifício cumpre todos os regulamentos vigentes”
Com base no mesmo argumento, mas aduzido por outros no passado, vi o dito responsável nessa altura, e bem, criticar os responsáveis de então por igual ligeireza e cizentismo empregues para justificar o injustificável em situações de igual perfil e jaez.
Muitos estarão lembrados da polémica suscitada, ao tempo da presidência de Helena Roseta na Câmara de Cascais, com um estudo para o novo centro de Cascais. As maquetas apresentadas na exposição concorriam em futurismo, arrojo, inovação mas tinham também em comum, na generalidade, uma proposta de solução desproporcionada desenraizada e alheia á escala do local.
Essa iniciativa, apesar de, felizmente, não ter tido consequências nem resultados , de que hoje muito nos arrependeríamos, teve, pelo menos, o mérito de nos pôr a pensar e a reflectir melhor sobre o que desejaríamos de Cascais.
É desse exercício e da consciência crítica surgida então em muitos de nós que partiram nos anos seguintes outras posições criticas sobre outras tantas obras, umas evitadas mas outras nem tanto, e que têm descaracterizado o centro da Vila.
E esta é apenas mais uma, dirão os resignados.
4 comments:
Eu gosto, marca uma época, é um sinal da arquitetura dos nossos dias.
.AUTODROMO DO ESTORIL
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. SESSÃO DE PARTICIPAÇÃO PUBLICA NO ÂMBITO DA ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE PORMENOR INTEGRADOS NO PNSC
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DEFESA DO EDIFICIO DO DIARIO DE NOTICIAS
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.CASCAIS ISENTA HOTEL MIRAMAR DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
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CASCAIS DECIDE ATÉ FEVEREIRO SE PESTANA FICA COOM CIDADELA
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CASCAIS RECEBE LOJA DO CIDADÃO
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FARMÁCIA DE CASCAIS
24 comentários !!!!
Ou seja, nas questões essenciais do ordenamento do território da gestão urbanistica ou da defesa do património cultural, IDEIAS ZERO.
Já se o bate-papo for sobre estética, integração, farmácias, invejas,ressabiamentos, ajustes de contas, etc. o caso muda de figura e o povão, com os seus catedráticos à cabeça, enche o terreiro jornalistico com as suas doutas e mui preocupadas opiniões.
Uma vez mais discute-se o acessório e empurra-se o que é realmente importante para debaixo do tapete.
É pena. Mas é o costume.
João Morais
Come e cala!
Sobretudo não mexer com os interesses desta gente de "sucesso", o povo deve abaixar as orelhas.
Digo NÃO, exigo saber o que se passa atrás da cortina de fumo (licenciamento rápido para CASAS no Parque Natural SINTRA CASCAIS).
Para abrir um supermercado numa zona habitacional do nosso concelho são anos.
Não estou nada preocupado sobre o edíficio do DN da capital, lá os poderes públicos não vão em aventuras no espaço nobre.
Gaita é sempre tudo do 8 ao 80.
LOBO VILLA,24-2-09
João Morais :
Estou 100% de acordo consigo ; o povão gosta é da foleira discusssão,da merdice da "estética" (farmácias...)
(E a CMC também,e provoca-a)
Mas vamos lá, sobre o Autódromo e o Miramar ,por exemplo, não tem razão !
Há aqui um longo pipe-line discutivo sobre isto e muito mais.
O pior para mim é que mesmo que haja uma boa discussão,não resulta em nada , a menos que haja uma PETIÇÃO ou algo concreto similar.
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