Thursday, December 14, 2006

Camartelo avança sobre barracas do Fim do Mundo


In Diário de Notícias (14/12/2006)
Francisco Lourenço

"Catorze barracas foram ontem demolidas no Bairro do Fim do Mundo, no concelho de Cascais. A intervenção decorreu de forma pacífica sob o olhar dos agentes da PSP e da Polícia Municipal, mas deixou uma residente na rua, com roupa e mobiliário. Helena Té, guineense, contou ao DN que "já ali morava desde Outubro de 1993" e agora vai ficar na rua, porque a câmara não lhe garante realojamento. A moradora admite, porém, que "não estava recenseada" no PER (Plano Especial de Realojamento).

As construções demolidas eram habitadas por pessoas abrangidas pelo PER, datado de Agosto de 1993. Segundo o comandante da Polícia Municipal de Cascais, Domingos Antunes, que dirigiu as operações de segurança, "todas as pessoas estavam abrangidas pelo PER e foram colocadas nos bairros de Adroana, Alcabideche e Cabeço de Mouro".

Domingos Antunes ressalva que o caso da Helena Té era o único que não estava abrangido pelo PER, "mas a residente já tinha sido notificada desta intervenção através de editais", diz, acrescentando que foi disponibilizado um armazém para guardar os pertences da mulher, "mas ela não aceitou".

A Câmara de Cascais terá proposto uma solução, que passava por uma articulação com a Segurança Social com vista ao acolhimento de emergência. "Foram propostos dois dias numa pensão do concelho, com custos suportados pela Segurança Social", revelou Rita Silva, da Associação Solidariedade Imigrante (ASI). Para esta representante da ASI, "a solução da câmara é ridícula". Rita Silva recorda ainda que "o Governo está a desenvolver um conjunto de medidas para acautelar os realojamentos de urgência" e que pediu "às câmaras para congelarem os processos de demolição para encontrar alternativas para estas pessoas".

O vereador responsável pela habitação social, Manuel Ferreira de Andrade, avançou que "até Janeiro estão previstas mais demolições". Os cerca de dois hectares de terreno camarário que constituem o Bairro do Fim do Mundo serão depois ocupados pela nova igreja da Galiza e centro paroquial. Previsto está também um parque urbano
."

O plano de erradicação das barracas é uma excelente prática, mas, não tenhamos ilusões, peca por tardia. Como é possível que no Séc. XXI ainda subsistam barracas?

PF

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