Por Lucinda Canelas
«Os papéis ainda não estão assinados,mas há já duas semanas que Helena de Freitas pediu a demissão do cargo de directora da Casa das Histórias Paula Rego, o museu dedicado à pintora portuguesa, em Cascais. Há duas semanas que não vai àquela que foi a sua casa nos últimos três anos. “Neste momento sinto que não tenho condições para continuar”, disse ao PÚBLICO esta curadora de 52 anos que em 2010 trocou o Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian, aonde deverá regressar, por Cascais, a convite da artista. “O projecto não é o mesmo, a equipa não é a mesma, a colecção não será a mesma”, justificou.
A decisão vem na sequência da extinção da fundação com o nome da artista, sustentáculo da Casa das Histórias, confi rmada em Diário da República a 8 de Março. Segunda-feira, o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras (PSD), disse em reunião com o seu executivo que a família da pintora e a autarquia tinham chegado a acordo em relação aos novos moldes em que o museu virá a funcionar. Paula Rego continuará a dar nome ao espaço museológico, onde será instalada uma exposição permanente da sua obra, mas o acervo à guarda da Casa das Histórias desde 2009 deverá sofrer alterações. Com a extinção da fundação, é a câmara quem passa a assumir a gestão – e os custos – do museu. Reduzir os gastos é, disse Carreiras, o principal objectivo da reestruturação.
Helena de Freitas, que chegou ao museu para substituir a primeira directora, a historiadora de arte Dalila Rodrigues, prefere não falar do acervo que vai ser exposto a partir daqui. Admite que os anos de trabalho em Cascais foram “muito difíceis”, mas “extremamente compensadores”, em boa parte por causa da equipa do museu e do contacto directo com Paula Rego. “Ela é uma artista incrível e uma pessoa extraordinária. Trabalhar com Paula Rego foi um privilégio que pude partilhar com uma equipa que respeito muito. Tenho muito orgulho no que fizemos
juntos.”
com Lusa»