Tuesday, April 13, 2010

Ir a banhos à Linha já não é só meter o pé em águas frias e salgadas

In Público (13/4/2010)
Por Carlos Filipe

«Grande Lisboa volta a ter mais perto um complexo termal e de bem-estar com água doce que, já no século XIX, era referenciada pelas suas qualidades medicinais

Água chega a 34 graus
Turismo a recuperar

A partir de hoje já é possível à comunidade clínica voltar a prescrever tratamentos hídricos medicinais no Estoril. Há muita oferta em todo o país e para as mais variadas patologias, mas tamanha disponibilidade nunca se situou tão perto dos residentes na Grande Lisboa quanto agora. As Termas do Estoril, que reabriram ontem, após quase meio século fechadas, estão referenciadas há pelo menos três séculos, e são indicadas para a prevenção e tratamento de doenças respiratórias, músculo-esqueléticas e dermatológicas.

O Presidente da República, Cavaco Silva, apadrinhou a inauguração do complexo, um moderno edifício da autoria do arquitecto Manuel Gil Graça, na Avenida de Nice, no Estoril, entre o Hotel Palácio e o futuro Centro de Congressos. No seu conjunto, é um Wellness Center, mas divide-se em complexo termal com valências terapêuticas - as Termas Estoril -, e num centro de bem-estar, um spa da cadeia internacional Banyan Tree, com fortes influências tailandesas. Só não é um hotel, que já há muitos no Estoril (32 unidades, 11 das quais de cinco estrelas).

Por isso mesmo, funcionará em complementaridade com a oferta de camas turísticas. Mesmo em frente, ainda em obra, o Hotel Palácio constrói um complexo residencial de luxo. E como clientes exigentes desejam bem-estar, a oferta que as sociedades Estoril Plage e Opway agora apresentam deverá contar com uma ocupação ao longo de todo o ano, e não apenas sazonal, como é normal no termalismo clássico, com o grosso da afluência a centrar-se no terceiro trimestre do ano.

Promover cluster turístico

Com um período de construção de três anos e um investimento de 25 milhões de euros (parte dos quais financiados por verbas do Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional e do Turismo de Portugal), o complexo de quatro pisos representa a criação de 50 postos de trabalho directos e mereceu elogios do chefe de Estado, que destacou o contributo que a nova infra-estrutura dará à região de Estoril/Cascais "como um cluster turístico regional", lembrando ainda que o sector do turismo de saúde e bem-estar tem tido crescimento importante, na ordem dos dez por cento anuais, o que pode ser uma potencialidade a aproveitar com grande rentabilidade. "Pode a região ganhar estadias mais prolongadas que as dos turistas de praia. Estão criadas condições de maior atractividade e diversificação do pólo turístico de Cascais e Estoril", destacou o Presidente.

António Capucho sublinhou o prestígio que o Estoril ganhou com o termalismo, antes da sua imposição como estância turística. "A fama das suas águas atraía a realeza", disse Ca- pucho - citando uma publicação da época - "onde D. José esteve vários anos a tomar banhos daquela água tão reconhecida". E insistindo neste ponto, o autarca enalteceu a ressurreição das termas: "Tardou, mas arrecadou. Foi um investimento corajoso."»

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As vontades são boas e a exploração comercial e turística será proveitosa. O projecto de arquitectura, esse, é mais um mono numa zona de monos com fartura, cuja cereja em cima do bolo é o tal de centro de congressos. Enfim, podia ser melhor, podia ser pior. Triste sina a do Hotel Palácio, sofrendo as agruras da contemporaneidade.

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