Friday, December 15, 2006

Turismo qualidade é aposta p/dinamizar Linha de Cascais

In Diário de Notícias (15/12/2006)
Kátia Catulo
Francisco Reis

"Devolver a qualidade de vida à Linha de Cascais passa por apostar no turismo de qualidade. Este foi o modelo apontado, quarta-feira à noite, por Bernardo Trindade, secretário de Estado do Turismo, durante o debate promovido pelo Diário de Notícias e pela TSF e que encheu o Centro Cultural de Cascais. Essa estratégia, defende o governante, terá de ser sustentável no plano económico, ambiental e social: "Só obedecendo a estes três vectores é possível melhorar o espaço que nos rodeia."

Cascais começa a traçar esse caminho e os resultados já são visíveis. "Neste município, o turismo representa um contributo superior a 11% das receitas totais", explicou o secretário de Estado, apontando como "bons exemplos" o projecto do passeio pedonal entre a Guia e o Guincho ou as intervenções nas praias de Carcavelos e Parede.

O plano estratégico para o turismo em Cascais, revelou Duarte Nobre Guedes, presidente da Junta do Turismo da Costa do Estoril, prevê ainda para aquela zona a inauguração de cinco hotéis de luxo nos próximos três anos, num investimento global de 141,45 milhões de euros. Além disso, a autarquia pretende encetar um conjunto de obras de requalificação de novos equipamentos, que implicarão uma verba superior a 60 milhões de euros. "Consolidar a Costa do Estoril e de Cascais como o destino turístico de excelência em Portugal e na Europa é o nosso grande objectivo", rematou Duarte Nobre Guedes.

Em contrapartida, o concelho vizinho não é um destino turístico, avisou Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras: "Por isso, a nossa aposta foi o sector empresarial." Década e meia depois de traçar essa estratégia, o autarca está convencido de que o resultado final acabou por beneficiar o turismo no concelho: "Há 16 anos não existia um único hotel em Oeiras. Hoje há seis e está prevista a construção de mais três unidades nos próximos anos." Cada município deve ter a sua vocação, defendeu o autarca, esclarecendo que Oeiras descobriu a sua ao assumir-se como pólo empresarial: "O turismo de negócios" um investimento que servirá como ponto de partida para aumentar a qualidade de vida no município.

Cascais, por seu turno, não teve alternativas, esclareceu António Capucho, presidente da câmara municipal. "O plano director municipal não prevê espaço para a instalação do sector terciário, logo o turismo foi e será sempre a nossa trave mestra
."

3 comments:

Anonymous said...

Turismo de qualidade...só se se fizerem praias privadas para os hotéis... se os hotéis não tiverem piscina e restaurante para manter os turistas "de luxo" lá dentro (uma vez que eles terão de chegar de helicóptero ao hotel). Porque se os turistas saírem - ou chegarem - de carro, e tiverem de passar pela marginal, ou por Alcabideche ou... etc e etc., aquilo que vão ver é uma paisagem suburbana, desgostante, soez, resultado do acumular de decisões de decisores, absolutamente ignorantes ou incapazes de decidir.
O caso absurdo da nova bomba de gasolina na "nova" rotunda da marginal em S. Pedro do Estoril, é um exemplo gritante, que explica eloquentemente porque é que é um dispendio inqualificável, o dinheiro público consumido em ordenados de autarcas, arquitectos e engenheiros nas Câmaras Municipais. A ideia de "ordenamento" da paisagem natural e urbana, nas mãos destes administradores é no mínimo uma quimera, uma figura de retórica, ou um somatório de insignificantes actuações desconexas e sem sentido. No caso de S. Pedro, num dia investe-se num observatório todo giraço, voltado p'ro mar e com os arranjos da envolvente bastante aceitáveis (qualificadores do espaço e convidando o cidadão) e, no outro dia, aceita-se uma bomba de gasolina indescritívelmente implantada nas proximidades, oferecendo vistas de uma traseira sem arquitectura, à marginal, com uma relação com o conjunto da Colónia Balnear do Século (vizinho) inexplicável geográficamente, topológicamente e geométricamente e, portanto, insensível... Só entendo a aprovação daquela construção, lendo uma explicação com mais de cem anos de Ramalho Ortigão:
"A autoridade incerta, vagamente definida, a quem tem sido confiada a conservação e a guarda da nossa arquitectura monumental [e - acrescento hoje - a nossa paisagem natural e cultural moderna e antiga] procede com esse enfermo, de quem se incumbiu de ser o enfermeiro, por dois métodos diferentes: umas vezes deixa-o morrer; outras vezes, para que ele mesmo não tome essa resolução lamentável, assassina-o". Ortigão chama a um método, "abandono" e ao outro, "restauro". Suspeito que hoje ao restauro acrescentaria "desenho ignorante de projectos, aprovação ignorante de projectos, e autorização e construção ignorante de obras". Mas, como sabemos, há mais de cem anos que Ortigão sabia muito bem o que ia acontecer. E, por isso, desandou para outros ares e acabou lançando Farpas a partir de França.
O tal turismo de qualidade - não apenas em Cascais mas em muito do Portugal costeiro e caseiro - não acontecerá se não fôr cumulativamente de luxo e ignorante (ou cego), para se conseguir satisfazer com a fealdade da urbe. Porque, se não fôr ignorante ou cego, pode vir veranear uma vez mas, depois, vai-se para outras partes.
Sobre a rotunda da Azarujinha (como exemplo, repito), tenho de regressar a Ortigão que diz:
"Poderá parecer excessiva e condenável ousadia que um simples curioso [que, no entanto não sou] se arrogue o direito de qualificar de ignorante um arquitecto em exercício de profissão. O erro é todavia no caso sujeito tão flagrante que não suporta defesa. Um barbarismo arquitectónico está tanto ao alcance de um escritor como um barbarismo gramatical está ao alcance de um arquitecto".

Pedro Partidário [arquitecto]

Anonymous said...
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Cidadania Cascais said...

Tem toda a razão no que se refere à rotunda de São Pedro (uma aberração total) e, indirectamente, à "cidade de Santo", esse neo-burgo a Norte da Bafureira, que terá de tudo menos oportunidade. Mais ao lado, a inenarrável urbanização no jardim do antigo Chalet da Condessa: uma vergonha.

PF