Friday, November 23, 2007

Câmara decreta "embargo total" em moradia no Estoril

In Público (23/11/2007)
Luís Filipe Sebastião


«A Câmara de Cascais embargou na semana passada a obra de recuperação e ampliação de uma moradia no Estoril que decorria sem licença. Mas, segundo moradores da zona, os trabalhos prosseguiam nos últimos dias.
A ampliação da moradia na Avenida General Carmona, por uma empresa de que é sócio Fernando Costa Freire, ex-secretário de Estado da Administração da Saúde de um Governo do PSD, estava a ser feita há vários meses com base num simples pedido de isenção para obras de conservação. O projecto mereceu um parecer desfavorável do departamento de cultura municipal, por a moradia fazer parte do "valioso conjunto de arquitectura modernista, dos anos 30, subsistente no Estoril".
O gabinete do vice-presidente da câmara, Carlos Carreiras, informou na semana passada que os serviços ainda estavam a avaliar o que seria passível de embargo. No entanto, em 14 de Novembro, o vereador que tutela a Polícia Municipal, Manuel Andrade, proferiu um despacho de "embargo total da obra", pelo "período de um ano", após se constatar que tanto a construção de um novo edifício com três pisos, garagem e piscina como a recuperação da moradia original não respeitavam a anterior autorização. Fonte do gabinete do presidente da câmara, António Capucho, adiantou que foi efectuada "a notificação do representante da Imotools em obra a 16 de Novembro". E acrescentou que decorrem "os efeitos do processo de contra-ordenação, por falta de licenciamento e autos de demolição, instaurados a 9 de Novembro" pela Polícia Municipal.
Só que moradores garantiram ao PÚBLICO que os trabalhos decorriam até ontem à tarde, "com movimento de gente e barulho de máquinas". Situação que o responsável pelo Urbanismo, Carlos Carreiras, assegurou que iria ser "averiguada". O Bloco de Esquerda requereu, entretanto, ao presidente da assembleia municipal que questione a câmara acerca das medidas que vai "tomar para que a legalidade seja reposta e para sanar os prejuízos, uma vez que o imóvel foi descaracterizado" pelas obras. »

1 comment:

Pedro said...

Para além do atrevimento conivente que demonstram dono da obra, projectistas, e empreiteiro, (e outras condescendências... se as houve e se as há) deve sublinhar-se, por contraste, a lucidez do parecer do departamento da cultura que afirma a valor do património de arquitectura modernista: o século XX, a modernidade, deixou obras de arquitectura de grande valor em Cascais-Estoril. Há mesmo, deste tempo, obras que, para além do seu valor próprio arquitectónico, darão bom testemunho dos momentos, eventos e personalidades que fizeram a história recente (significativa) do Concelho.

...há o mau hábito de menosprezar a modernidade, por isso alguns crimes estão a ser cometidos (como disso é exemplo gritante, o que sofre o conjunto do Tamariz do Arqº Taínha).