Thursday, February 15, 2007

Sai uma aberração entra outra, duplamente pior?



Este é o projecto do Arq.Gonçalo Byrne para o novo Estoril-Sol. Credo!!

Fonte: www.arquitectura.pt/forum

30 comments:

J.N.Barbosa said...

Acaba por ser mais intrusivo e perturbador do ambiente do que o anterior, para além de um gosto muito duvidoso.
Problema para os nossos netos resolverem.

Paulo Ferrero said...

Como eu gostava que as gerações vindouras parassem de herdar coisas como esta, mas está a tornar-se verdadeiramente impossível, porque mal se evita uma, logo mil outras aparecem...

André Bernardes said...

(...) compreendo mas (sorry) não aceito!?

Diz a História (das Ideias, a Filosofia ;) que aquilo que é novo, arrojado-vanguardista (e/e honesto) tem sempre dificuldade em ser aceite, porque ainda não experimentado, custa a 'entranhar-se' -como diria (e pensou) o nosso Pessoa-marketer!

O que hoje 'estranhamos', e falando concretamente deste projecto, porque não se pode generalizar, será (certamente) o futuro (património) ex-libris do concelho.

Preocupante, desesperante (principalmente para os arquitectos e cidadãos?) é por ex.ºo horror (consentido, licenciado!) doque se fez ali, à volta do estádio do Estoril-praia, ao longo da R. D.Bosco, com aqueles 'mamarrachos'de 'pato-bravo', a começar pelos embasamentos descomunais, cegos, desalinhados, a lembrar uma 'nova Reboleira'-'estes' -da outra 'cidade dual'?- nunca aparecem no 'boneco'...porquê será?

Paulo Ferrero said...

Concordo plenamente no que diz respeito a essas coisas inenarráveis que foram sendo construídas desde o Cruzeiro até lá acima, por detrás do Campo Coimbra da Mota ... e continuam a ser feitas, aliás, e o mesmo com os prédios, por ex., da Qtª do Lago, etc., tal como os mamarrachos do JJPimenta e quejandos em Cascais; tal qual o Hotel Eden, mais as «cidades» A.Santo (Bafureira) e a outra a seguir ao Hotel Cidadela. Tudo isso devia ser implodido ... quiçá se continuarem as transformações climáticas ... só que nessa altura já cá não estaremos, é pena.

André Bernardes said...

ups, porquê? porque será?

aproveito para deixar aqui o convite para uma 'mostra' fotográfica desses inacreditáveis exemplos de construção (porque arquitectura não é)que referi, porque esses sim, não deviam sequer ter existido em projecto!

André Bernardes said...

(...) bem, resta-nos a prevenção, tendo em vista mais e melhor sentido crítico, maior debate e participação -sendo este meio um exemplo possível.

Pedro said...

Pois É! ... este projecto finalmente apareceu a público. Assim desta forma: definitivamente inequívoco.

Aqui, neste micro-forum, há tempos atrás - a propósito da participação dos cidadãos nas decisões que transformam o território que lhes interessa, eu referia que há uma má (preversa) prática de "gestão de informação". Este projecto do conjunto arquitectónico que agora vemos, é um bom exemplo disso.
Até agora apenas foram publicadas na imprensa imagens criteriosamente selecionadas sobre este projecto. Essas imagens só podem ter sido escolhidas com um único intuito: manter o povo quieto! É pena que se actue assim.

Estas fotomontagens que agora vemos, são mesmo do projecto previsto para substituir o Estoril-Sol e já eram possíveis - e, até já existiam - logo no tempo em que se publicaram as primeiras notícias sobre este empreendimento. Alguém deve ter decidido contê-las (escondê-las do público).

Não me pronunciarei sobre a arquitectura deste conjunto porque estou relativamente (mas não totalmente) condicionado por motivos éticos. Mas, é preciso que o debate (se é que virá a existir) seja feito com alguma elevação quanto à inteligência e conteúdo.

O que acontece hoje (e neste caso aconteceu) é que os que detêm o poder, cedem à tentação - estratégica - de esconder para não debater, porque, na maioria dos casos, os cidadãos não estão, por muitas razões, minimamente capacitados para o debate.
Assim, para o poder, DEBATER É UMA PERCA DE TEMPO A EVITAR (sinais deste tempo de "democracia de fachada").

Pedro said...

...Mas quanto à arquitectura e urbanismo em Cascais, estou de acordo com o André Bernardes e o Paulo Ferrero (e mais pensarão assim): a herança que nos foi deixada nesta terra, é um grande desilusão, só reparável se várias gerações a partir de agora, actuarem de forma muito (mas muito) diferente. Não tenho grandes esperanças quando olho para o nível (sucessivamente desqualificado) da formação a todos os níveis.

Mas Cascais precisará de inteligência na produção de arquitectura. O André Bernardes recordava - a propósito do El Corte Inglés - que alguns edifícios especiais (mas com arquitectura especial) constituem-se como pólos regeneradores da vida urbana... mas isso não quer mesmo dizer que tudo é possível.
Para um sítio ser interessante através da arquitectura, não é preciso que esta faça truques tipo "lolita-maravilhas, no arame voador".

Pessoalmente também já estou enjoado de regeneração urbana através de conjuntos de "alto-luxo-de-excelência" e "hotéis de charme".

...e já agora (sem pudor ético) que se faça a demolição rápida do "mirage 5 estrelas" e da loja dos jipes (todos na Marginal entre o Estoril e Cascais).

André Bernardes said...

(...) conquanto o tema presente seja outro, e este sim de arquitectura, puxando para uma avaliação, um juízo estético, gostaria de não ser citado de maneira a se extrapolar afirmações que não disse nem quis dizer! (isso é que é perverso ;)

É evidente que certas encomendas, pela sua relevância (e também enquanto investimento...este, parece, só de taxas pagou 6M€!?) refugiam-se, protegem-se das críticas, com a sua entrega a autores de grande prestígio (como é o caso, até a nível internacional) que, por sua vez, ficam mais à vontade para arriscar, porque isso também tem os seus riscos, para serem arrojados!?

Por isso, o debate ou a sua discussão pública é vista (infelizmente) como mais um obstáculo a contornar -daí os periodos de consulta pública nos meses de Verão...

O meu enjoo, está mais naquilo que eu chamo de 'grau zero' da construção, aquela que fere a paisagem, até cultural, que pulula, se multiplica e dissemina!

Pedro said...

Impõe-se (de facto) um "aclaramento" da minha referência à posição do André Bernardes porque não tenho nenhuma intenção de perversidade (hold the horses, please):

Com efeito, a posição do André sobre o El Corte Inglés (que recordei), não se refere de todo à "qualidade" (chamemos-lhe assim) da arquitectura dessas operações. Refere-se ao caso particular de uma função comercial com forte potencialidade de (re)vitalização dos centros urbanos, e numa perspectiva diversa daquela que, hoje, excessivamente, se fundamenta nas circulações em automóvel. Aliás, referi-me à sua posição para provocar o regresso dos leitores do Blog ao assunto do El Corte Inglés, porque me pareceu a opinião do André, inteligente e merecedora de consideração.

Com efeito, a(s) manifestação(ões) a favor (e a desfavor) da qualidade arquitectónica são minhas. Acredito que estes debates (e propostas) acabarão numa solução que É ARQUITECTURA e, como tal, terão uma tradução (forte) que é cultural-artística (nas precisas medidas em que, como tal, a Arquitectura se manifesta). Impõe-se - sempre (e bem) - uma grande responsabilidade aos arquitectos.

Não sou dogmático quanto a "estilos", não gosto de "famílias", e também me enjoa muito mais e acima de tudo, o tal "grau zero da construção". Esse, para além de me enjoar, envergonha-me enquanto cidadão. Quando há arquitectos envolvidos no licenciamento destas "coisas" fico muito envergonhado enquanto arquitecto.

Cumprimentos.

Pedro said...
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Pedro said...

Voltando a esta operação urbanística-arquitectónica (demolição do Estoril-Sol e construção de um complexo urbano), retomo, por contraste, um exemplo de "boas-práticas" que poderiam ser seguidas mais de perto, porque são bem conhecidas:
«La magnitud del espacio ocupado y el impacto urbano que supuso la construcción del conjunto, hizo que se realizara una consulta internacional de ideas. La resolución del proyecto debía unificar las necesidades municipales respecto a la ordenación viaria, la creación de espacios libres y equipamientos para el barrio de Les Corts, con el conjunto de construcciones privadas previstas para uso comercial, hotelero o de oficinas.»

(espero que não se vejam equívocos onde não os há. Este destaque fê-lo o André Bernardes a propósito de um exemplo em Barcelona, que sugeri se confrontasse: http://www.lilla.com/es/home.php ).

1º Concursos? Atrasam, atrapalham e saem caros(?) (são os argumentos do "Poder"). Portanto: não há o confronto de diversas possibilidades, não há exposição, e não há debate público a montante.

2º 6M€ ? (Touché!) Este ou qualquer outro valor de taxas, é um argumento por demais eloquente, sobre o que é que determina o afastamento da participação pela construção do "segredo". "O segredo é a alma do negócio": sabedoria popular. Estamos, portanto a falar de negócios. Estaremos portanto a administrar, reféns, ou com base NESTA "sabedoria popular"?.

3º Este conjunto será implementado com base num Plano de Pormenor estudado e apresentado em "Regime simplificado" pois claro! Mas porquê?.
(Ver: http://www.cm-cascais.pt/Cascais/Cascais/Planeamento_Estrategico/)

André Bernardes said...

Não há dúvida que ainda muito se tem de fazer a nível do reconhecimento da profissão -a revisão do 73/73 não será suficiente- tal como da alteração dos procedimentos correntes, para se conseguir uma maior abertura e transparência, seja na discussão dos projectos mais visíveis, seja em relação aos outros, que, reconheçamos, são a grande maioria - emergente, silenciosa, envergonhada!

Porque é que este concelho continua a dar tanta atenção à marginal, quando a sua imagem, o seu futuro(?), começa a identificar-se com o que se passa...ao longo da A5?

vai-se optar por tapumes (serão só para absorver o ruído ;) mais altos?

Pedro said...

É certo que a A5 é (e será) um acesso, uma "entrada" em Cascais com, cada vez maior importância. ...quem chegar por aí, formará a sua primeira ideia de Cascais.
Os tapumes... Quer sejam para conter o ruído, para proteger vistas (eliminar a possibilidade da paisagem a quem viaja, ou esconder a miséria da verdadeira paisagem construída de suburbio desregrado e soez) ou seja por outra coisa qualquer, são uma história tão lamentável, que só uma comunidade insensível e pobre (não em dinheiro) a justifica.

Mas a Marginal será sempre uma viagem e uma "chegada" de forte potencial simbólico... a frente de mar... e estando a falar de um sítio com grande atractibilidade turística (num sentido muito amplo do conceito), não poderá a "Marginal", ser descurada, antes deverá ser bem (re)considerado o seu carácter significante.
Nesta medida, até vejo com "bons olhos" o investimento em Arquitectura forte.
Não posso é deixar de estar em total desacordo com a forma sociológicamente desajustada, como foi conduzido o processo para o novo conjunto que "resolverá" a chegada a Cascais no sítio do Estoril-Sol/Parque Palmela.
Neste processo, a Arquitectura - e o seu debate - perderá. Perder-se-á a possibilidade de se fazer alguma "pedagogia" sobre os valores culturais da Arquitectura. Perder-se-á a possibilidade de os cidadãos construirem o desejo de significar o seu território com uma das Artes que para isso mais contribui: A Arquitectura.
Neste caso os arquitectos (alguns arquitectos muito dados ao discurso) ficarão a falar sózinhos para uma plateia de outros arquitectos, que estarão ali não para debater nem para ouvir, mas sim, à espera da sua própria vez de falar. Este círculo continua fechado.
A revogação do 73/73 não resolverá o essêncial. Os arquitectos deverão resolver a sua parte: uma maior responsabilidade na actuação. Os cidadãos deverão resolver outra (sua) parte: atenção e participação inteligente no debate e na administração dos seus sítios e território. E os administradores eleitos... muito disto tudo está hipotecado por um sistema educativo (digo repetidamente: educativo) que é uma anedota. Por isso, o 73/73, quanto muito, imporá os arquitectos aos cidadãos.
Esperemos que, daqui a uns anos os cidadãos possam dizer que tiveram sorte. Quero crer que sim.

André Bernardes said...

Bem, entendamo-nos, ao fazer aquela afirmação, não estava, naturalmente, a dizer que se deve descurar a atenção, a exigência, do que se faz, ou se deixa fazer ao longo da marginal -uma espécie de centro histórico!? é que, para bom compreededor...;)

O que quis dizer e será importante reter é que 'a linha', em termos quantitativos, de instalação de actividades (e isto remete para o outro tema ;) de fluxos, ou visibilidade, é cada vez mais a outra, a A5 ;) devido a uma transformação massiva, semi-espontânea, que exige um novo enquadramento dos problemas...

Para partilhar a matéria, tão interessante quanto polémica, sugiro uma visita ao CCB (o meu passeio ontem, e só até ao dia 25?) onde está uma singularíssima exposição, cujo tema gira precisamente à volta da 'transformação', da 'temporalidade' da cidade 'e, claro, 'do projectar', com um catálogo-dvd de entrevistas seleccionadas, verdadeiramente obrigatório (embora não aprecie o termo ;)

Para os mais comodistas, ou reticentes, aqui fica a deixa:
http://www.byrnearq.com/?lop=projectos&list_mode=0&id=6364d3f0f495b6ab9dcf8d3b5c6e0b01

André Bernardes said...

ups, 'compreendedor' ou 'entendedor', tal como o colaborador do Byrne (Marco Buinhas?) que escreve isto no folheto da dita exposição:

«(...) Nesse sentido torna-se impossível dissociar a arquitectura de uma dimensão paisagística e da própria dimensão diacrónica, já que, para além de actuar no espaço, actua no tempo, interferindo na lenta transformação dos contextos e da própria urbanidade»

«(...) As cidades são estruturas sedimentares e de longa duração, traduzindo duplicidade de fenómenos como o da resistência à transformação ou o da necessidade de regeneração cuja origem, sendo praticamente a mesma, reside na preservação da sua identidade física e cultural.»

Pedro said...

As "estruturas sedimentares" são estruturas que, decorrem do estabelecimento de "relações intímas", directas, entre as "camadas" precedentes e as seguintes onde, estas últimas, na sua forma, aceitam ficar dependentes e resultar das leis enunciadas pelas anteriores... (eu reconheço a carreira do Arqº Byrne dentro desta linha de pensamento).

Mas, assumindo uma leitura literal - e porventura superficial - desta ideia, e a propósito do conjunto do "novo estoril-sol" surge-me de imediato uma pergunta: Como foi considerada neste projecto, a relação que se estabeleceria pelo convívio entre a "camada precedente" (Hotel Mirage) e particularmente, as "leis enunciadas" pela a sua "empena cega" poente, e o novo conjunto? Fica ali uma empena "cega"? Ficará ali - no Mirage - AQUELA empena "cega"???

...aceito que o projecto do Arqº Byrne "venera" a camada precedente mais importante: o Parque Palmela. Um dos maiores valores deste projecto reside precisamente, no esforço de tornar-se "aberto" para deixar que o parque chegue à Marginal.

André Bernardes said...

Tendo em conta que o texto citado se refere à exposição e/ou à disciplina em geral, à lógica da Cidade, teremos que nos distanciar (também em escala ;) da sua aplicação directa a este caso concreto.

Na minha opinião e arriscando uma extrapolação pessoal, pois desconheço de todo o processo de concepção, não me surpreenderia que o projecto do Mirage fosse visto, mais como um objecto a 'ignorar', evitando replicar aquela morfologia estranha, essa sim, retórica (porque acabando por ter um impacto fortíssimo) e maciça (por ocupar todo o terreno, qual zigurate, ou massa informe)! optando por introduzir uma nova lógica, uma outra estrutura formal (que lembra os jogos de'legos') mais adequada, mais corajosa, de maneira a reduzir, a atenuar a expressão do Mirage...

Pedro said...

Embora o debate com o André Bernardes seja muito estimulante, ficaria com pena que este forum acabasse com arquitectos a fazerem conversa de arquitectos entre si (isto julgando que o André Bernardes é arquitecto).

...mas também gostaria que a (má) lição de arquitectura e urbanismo que é a zona da Expo'98 fosse tida em consideração nas práticas actuais e futuras. Nesse novo "bairro" os edifícios (as suas arquitecturas e os seus arquitectos) ignoram-se mutuamente, competindo por protagonismo quase provinciano, de forma vaidosa, autista e trágica (quanto ao desenho da paisagem urbana resultante).
Não tenho o Arqº Byrne nesta conta. A sua história fala por si.

Uma empena cega no edifício vizinho não impõe (de todo) o mimetismo ou a sua reprodução. Mas ignorá-la.... (?). E sobre o Mirage, estou à vontade porque já o disse: se fôr possível, se faz favor: A SUA DEMOLIÇÃO.

André Bernardes said...

(...) porventura vamos ter que esperar pelo menos uns cinquenta anos - a idade média de um edifício de betão armado!? - ou um pouco menos...se as piores previsões do Al Gore se cumprirem - como já referiram outros confrades de tertúlia!

(...) nós, especialmente os arquitectos, neste forum, deveríamos esquecer a profissão a não ser a...de cidadão!

;)

Pedro said...

Com simpatia... Mas vejo mais razões para que, sobretudo os arquitectos não esqueçam a sua profissão quando participam em debates entre cidadãos. ...é que o exercício responsável da Arquitectura é, na sua mais nobre essência, um acto priveligiado de cidadania.
Ao arquitecto cabe a responsabilidade (com outros com certeza!) de participar na concepção, na construção, cuidado e desenvolvimento da CIDADE. Ou seja, o Arquitecto é responsável pela forma como se concretiza o sítio que gera a cidadania pela reunião e cohabitação dos cidadãos (entre os quais estão os arquitectos).

André Bernardes said...

(...) reitero esta ideia de se procurar que neste espaço 'o cidadão' seja privilegiado relativamente à profissão ou formação de cada um, porque de facto há sempre essa tendência (muito egocêntrica, e...de todas as áreas!) de se achar que se está mais bem preparado do que os outros para opinar, quando sabemos que esse pressuposto (privilégio?) está longe da verdade...

António said...

Não Gosto.

O Cascais Mirage perderá muito com um prédio destes como vizinho.

Eu sou apologista da modernidade, cada época deve mostrar o seu melhor, até na arquitectura, logo devemos fazer algo que no futuro diga de nós.

mas, este não gosto.

André Bernardes said...

(...) o Mirage ou Miragem (acho que andaram hesitantes ;) é que talvez não deva ser referência de nenhum projecto!

Sem querer passar por 'advogado' da outra proposta, ou seu incondicional defensor (!) diria que pelo menos não nos deixa indiferentes, que nela se encontra arrojo, jogo formal e criatividade...com o mérito de libertar a superfície, acentuando a ligação ao Parque de Palmela!

Pedro said...

Ó caro António, vá só rever a história da Torre Eiffel e as polémicas da sua construção... deve ter havido imensos parisienses na altura a dizer "não gosto"... Será que hoje alguém, parisiense ou não parisiense ainda olha para a Torre Eiffel a partir da posição do gosto? E será que o espaço urbano de Paris hoje, onde a Torre Eiffel se encontra, a pode dispensar levianamente?
"Eu gosto" ou "eu não gosto" não é a melhor forma de debater estes assuntos! Aliás é a melhor forma de encerrar qualquer debate porque "Gostos não se discutem"!!... se se pretender que o Blogue (este) seja um ponto de encontro (e confronto) e debate de ideias, todos nós teremos de ir por outro lado na argumentação.

...eu, por acaso até acho que nos foram vedadas as condições de debate sobre esta obra em particular (não por este Blogue, evidentemente!!! - porque as favorece e não as veda). Aliás, só debater o conjunto vasto de razões pelas quais um debate sobre estas questões nunca irá longe, dava um novo Blogue! Mas adiante!

Pedro said...

Com simpatia e compreensão (genuína) pela ideia de que um arquitecto se deve esquecer da sua condição profissional nos debates de cidadania, gostaria no entanto de esclarecer que considero que o facto de os arquitectos poderem ter alguns conhecimentos particulares (melhor dito: especiais, o que os torna especialistas) sobre uma parte da vida da cidadania que é a construção das cidades, não lhes garante (e não deve garantir)privilégio nenhum (no sentido da pretensa superioridade da opinião). E não deve garantir privilégio nenhum se, sobretudo, esse "saber" não fôr usado e partilhado com responsabilidade. Aliás o facto de ser especialista nesse particular obriga-o a uma maior responsabilidade de cidadania e, portanto, participação.

André Bernardes said...

(...) por outro lado, há quem defenda que o pior defeito do 'industrialismo' foi precisamente a necessidade de especializações (normalmente associada a tarefas repetitivas e limitativas ;) e que esta é a grande inimiga do universalismo, do desejável 'Encontro de Saberes' (uma edição a não perder da FCG ;)por outras palavras, do tão procurado caminho para a sabedoria!

Pedro said...

Não pretendo desviar os participantes deste Blogue do essêncial, mas vou usar este espaço (sobre o projecto do empreendimento no espaço do Estoril-Sol) uma vez que, por causa deste evento se fala de Arquitectura, para sublinhar (a vermelho e com linha riscada a marcador grosso) um apontamento que atrás o André Bernardes fez sobre um prédios que estão a ser construidos ao longo da rua D. Bosco.
O meu sublinhado quer dizer: PROTESTO VEEMENTEMENTE CONTRA A APROVAÇÃO desses prédios. ACUSO ABERTAMENTE DE IGNORÂNCIA E INCOMPETÊNCIA GRAVE QUEM OS DESENHOU.
Sem mais.
(hoje passei por lá: uma vergonha legalizada)

António said...

Com o respeito que tenho pelas ideias diferentes das minhas, reservo-me no direito de dizer que gostei da Torre Eiffel e até das
Torres Petronas.

Enfim acho que é tudo uma questão de gosto e nada mais que gosto.

Alguns até poderão saber mais, sobre engenharia, sobre arquitectura, sobre paisagismo, mas se não souberem interpretar o "gosto" do comum dos seres humanos, podem fazer uma obra polémica mas nunca farão uma obra intemporal.

Pedro said...

Lamento, António mas não é uma questão de gosto!
Primeiro porque o gosto se cultiva: Nenhum miúdo gosta de vinho. Quando chega a adulto já gosta e, se fôr pessoa auto-consciente não deixará as papilas gustativas "enquistarem" com zurrapas... Se fôr auto-consciente e tratar das suas "papilas", o "gosto", ao longo do tempo, adquire tal sensibilidade... Por isso não existe essa coisa do "gosto" assim concreto. O gosto existe mas transforma-se. Nas melhores sociedades, evolui e aprofunda-se. Ganha sensibilidade.

Depois... (sem elitismos e com muita capacidade para me maravilhar com o ser humano comum): Hoje, tanto o ser humano comum e incomum em Portugal, foi tão mal educado em termos de gosto (pela chamada Educação governada pelo respectivo Ministério) que, se se fizer de acordo com o gosto comum (que é o que aliás tem sido feito), de certeza que se continuará a hipotecar por muitas gerações a possibilidade de, não apenas se valorizar o bom que existe, mas fazer novas coisas (modernas) com dignidade e valor.