Friday, June 29, 2007

Cascais recusa substituição de posto de vigia devido ao impacte negativo das novas torres

In Público (29/6/2007)
Luís Filipe Sebastião

«A torre de vigia florestal em madeira, instalada na Pedra Amarela, na serra de Sintra, não vai ser substituída por um dos novos postos de vigilância metálicos, como defende a Câmara de Cascais. A garantia é do Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (Sepna) da GNR que justifica a decisão com os eventuais impactes paisagísticos das novas estruturas na área protegida.
O posto de vigia da Pedra Amarela está montado no perímetro do Parque Natural de Sintra-Cascais. A torre em madeira, com dez metros de altura, situa-se a uma altitude de 403 metros e constitui o principal ponto de vigilância do perímetro florestal sintrense e envolvente. Uma fonte do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) adiantou que, no ano passado, o posto foi dotado de instalações sanitárias e que, devido à sua localização privilegiada, entrava ao serviço em meados de Maio.
O posto passou, entretanto, para a tutela do Sepna da GNR, entidade que coordena, ao nível nacional, a prevenção, vigilância e detecção de fogos florestais. A mudança levou a que o Ministério da Administração Interna tenha lançado um projecto de substituição de antigos postos de vigia por novas estruturas metálicas. Um tubo com uma altura em torno dos 12 metros permite o acesso a uma plataforma circular, equipada com sistema electrónico de detecção e janelas móveis com visibilidade até 360 graus. O projecto foi apresentado como necessitando apenas de "deslocações bimensais para abastecimento, logística e controlo técnico" e possuindo "impacte ambiental mínimo".
Para o vereador da Protecção Civil na Câmara de Cascais, Pedro Mendonça, a intenção de substituir o actual posto na Pedra Amarela por uma estrutura em metal "não faz sentido": "Construímos aquela torre em madeira no sentido de não ferir o Parque Natural e porque é mais adequada à paisagem." O autarca salienta que se trata de um terreno municipal e teme "uma agressão na paisagem", pois "parece um depósito de água".
João Teixeira, da Direcção-Geral dos Recursos Florestais, também mostra reservas com a eventual substituição por uma estrutura que "parece um charuto". "Espero que a actual torre se mantenha em bom estado e não seja alterado o que lá está." Uma fonte do ICNB defende que devem ser previamente avaliados os impactes da instalação de "um cogumelo de aço" numa área protegida.
"Estava prevista a possibilidade de a torre ser substituída, mas chegámos à conclusão que não era a melhor solução. Vai ser recuperado o posto em madeira", adianta o major Joaquim Delgado, do Sepna da GNR. "Fomos sensíveis às preocupações sobre os impactes na paisagem de uma área protegida e património mundial", admite o responsável, acrescentando que os novos postos também não foram instalados, pelo menos para já, em Alcoitão ou Nafarros.
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1 comment:

Pedro said...

...pois! A questão é que é tanto mais feia uma como a outra!

...como se Portugal não fosse um país com excesso de oferta de arquitectos (e muitos com mérito reconhecido internacionalmente) que poderiam ter desenhado "aquilo" de outra maneira!.
Será que o "charuto" foi desenhado por algum daqueles arquitectos-empresas (ou engenheiros-empresas) a quem o projecto foi "atribuído" num concurso-maravilhas, organizado num certo serviço do MAI, por um famoso funcionário-professor de engenharia, num famoso curso superior, que agora é (o professor) famoso por ser arguido, e o curso, famoso, por ter de fechar?