Thursday, May 22, 2008

Cascais: Primeiro documentário histórico sobre faróis portugueses percorre cinco séculos das "sentinelas" costeiras


Com algum atraso, uma excelente notícia, veiculada pela Lusa no passado dia 16, relativa ao Farol de Santa Marta, cujo projecto museológico, tal como este documentário, foi desenvolvido por Joaquim Boiça. Historiador, ligado também ao Campo Arqueológico de Mértola, e bisneto, neto e filho de faroleiros - Santa Marta foi, de resto, uma das escalas da sua vida -, Joaquim Boiça tem desenvolvido, recorde-se, um longo trabalho no concelho aqui ao lado - Oeiras -, nomeadamente de estudo e divulgação dos fortes e faróis da Barra do Tejo. Poder contar com o seu saber em Cascais é, pois, uma óptima notícia. Aqui fica ela:

“Uma viagem pelos cinco séculos de história das "sentinelas dos que ao mar entregam a vida" é o que se propõe no primeiro documentário histórico sobre faróis portugueses, uma peça museográfica que começou esta semana a ser exibida em Cascais.

Produzido para a autarquia por Joaquim Boiça e Carlos Boiça, o filme, de 42 minutos, passa agora a integrar o espólio do Farol-Museu de Santa Marta, na vila de Cascais, onde o público poderá "visitar" os principais faróis do Continente e das Ilhas e conhecer os testemunhos de quem vive ou viveu a experiência de trabalhar nestes espaços de memória.

"Este é um instrumento de leitura e compreensão, onde procuramos conciliar três discursos - a História portuguesa e da constituição dos faróis, o seu valor patrimonial, científico e artístico e a vida do faroleiro", explica o historiador Joaquim Boiça, responsável pelo projecto museológico de Santa Marta.

"Sempre se teve presente que há vida e uma missão nos faróis e continua a haver um grande fascínio por estes locais, pela profissão, pelos velhos mecanismos", garante, ressalvando, porém, que há ainda alguma dificuldade em compreender estes espaços costeiros como palcos de experimentação tecnológica e de concentração inúmeros ofícios, da mecânica à carpintaria.

Para inverter esta tendência, o documentário percorre sucintamente os principais momentos da existência daquelas que apresenta como as "sentinelas diurnas e nocturnas dos que ao mar entregam a vida" - desde a criação dos três primeiros faróis, com candeeiros alimentados a azeite, durante a expansão marítima, aos esforços de electrificação do século XX.

Os espectadores são também convidados a descobrir, por exemplo, que os avanços técnicos foram por várias vezes adiados por crises políticas e económicas, que o primeiro plano de farolagem da costa surgiu em 1881 ou que Portugal foi um dos primeiros países a criar o cargo de arquitecto de faróis. Por fim, testemunhos repletos de memórias evocam a "paixão pelo mar" e as dificuldades dos faroleiros, em particular o isolamento e a constante mudança de posto.

Com a convicção de que o universo dos faróis continuará a despertar o imaginário colectivo e lamentando que exista pouco trabalho científico sobre o tema, Joaquim e Carlos Boiça ponderam ampliar a divulgação de "Faróis Portugueses - Cinco Séculos de História", inclusive em festivais de cinema.

Segundo o comandante Abrantes Horta, da Direcção de Faróis, existem hoje 53 grandes faróis no território nacional, mais de metade dos quais habitados. Desde há cinco anos, aquele organismo desenvolve o programa "Ciência Viva", que promove visitas a faróis durante os meses de Julho e Agosto, com uma média anual de quatro mil visitantes”.



Créditos imagem: Farol de Santa Marta, in portal da Marinha

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