Monday, December 03, 2007

Vinho em Carcavelos/esclarecimento

Parece-nos estranho que, abusiva e sistematicamente, se fale nos últimos dias em «Vinho de Carcavelos» quando na realidade ele NÃO existe, à excepção de duas pequenas quintas (Quinta dos Pêsos e Manuel Bulhosa), que têm, ou tinham, uma produção muito pequena, quase para consumo dos próprios. Tudo o resto não existe.

O que agora há é vinho com essa designação feito em locais que não Carcavelos, isto é, Caparide (Quinta do Pêso?), que fica em S. João do Estoril e está fora da zona de micro-clima da região de Carcavelos (a região demarcada, ver o site assinalado que inclui S. Domingos de Rana e Carcavelos no Concelho de Cascais e parte da freguesia de Oeiras), para além disso, o vinho aí produzido pouco ou nada tem a ver com Carcavelos.

Da mesma maneira se tenta, aliás, misturar o Bucelas e o Colares com o Carcavelos, o que demonstra uma total ignorância.

As vinhas que davam origem ao Carcavelos foram arrancadas e destruídas para sempre, literalmente. Aliás, é de referir igualmente a Quinta dos Ingleses, onde também se produziu o vinho de Carcavelos (50 mil barris, antes da instalação do Cabo Submarino) e se calhar pela área existente, se poderia replantar novamente a vinha, em vez de, como a CMC pretende, em jeito de «plano de pormenor», urbanizar a zona entre o colégio St.Julian's e a Marginal, mata incluída.

Falar-se da instalação de um museu na antiga adega da Quinta do Barão, é uma coisa, e outra, bem diferente, é dizer-se que se vai plantar vinha na antiga Quinta do Barão, onde, por sinal, está em discussão um outro «plano de pormenor» que prevê a abertura de uma unidade hoteleira no edifício principal e a construção de «bungallows» nos jardins da quinta, o que nos parece mal, inclusive.

Quanto à «vinha», basta ir até à zona da Quinta do Barão para se perceber que isso é praticamente impossível. Coisas «simples» como a poluição dos carros que circulam nas vias rápidas junto à propriedade, e terrenos que hoje são mato, solos completamente modificados e micro-clima alterado, tudo isso impede que o verdadeiro vinho de Carcavelos volte a ser uma realidade reconhecida internacionalmente, caso não se reequacione a sua plantação, nem que seja em pequena escala e utilizando os poucos espaços ainda existentes... pelo menos em Carcavelos. Pelo que tudo quanto hoje se fala são imitações ou pequenas ofertas sem dimensão nem a qualidade que já teve.

Paulo Ferrero, Jorge Morais e Ricardo Reis dos Santos

Informação complementar:
http://www.gastronomias.com/vinhos/carcavelos.htm
http://www.gastronomias.com/bar-bebidas/carcavelos.htm
http://www.cm-cascais.pt/Cascais/Noticias/2005/vinho.htm
http://www.lifecooler.com/edicoes/lifecooler/desenvReg.asp?reg=328790
http://www.carcavelos.com/page_vinho.htm (informação mais exacta, sobre a região demarcada)

1 comment:

Umberto Pacheco said...

Finalmente alguém a clarificar e desmistificar a mentira e a demagogia. É absolutamente verdade o que foi dito. O vinho desapareceu Há décadas.