Thursday, December 27, 2007

Falta de donativos compromete continuidade de programa educativo em bairros carenciados

In Sol Online (27/12/2007)

«Sessenta crianças e jovens dos carenciados bairros do Fim do Mundo e Novo do Pinhal, em Cascais, poderão deixar de receber, em Janeiro, o acompanhamento escolar do centro social local, devido à falta de apoios financeiros

O programa educativo desenvolvido pelo Centro Social Nossa Senhora de Fátima junto de alunos do primeiro ciclo ao secundário arrancou, há quase um ano, com várias ofertas de material escolar e um donativo monetário destinado a pagar o salário da coordenadora, uma psicopedagoga que procura incutir métodos e hábitos de estudo e trabalhar as dificuldades de aprendizagem.

Segundo a especialista, Patrícia Ferreira, as actividades são também orientadas em turnos por técnicos voluntários, entre as 09H00 e as 19H00, e incluem desde o apoio nos trabalhos escolares a jogos e peças de teatro na ludoteca da instituição.

«Já deu os seus frutos - raro foi aquele aluno que chumbou no ano passado, os professores da zona conhecem o nosso trabalho e o sucesso está a começar a notar-se, o que é muito gratificante», explica a responsável, lembrando que a maioria de crianças e jovens pertence a famílias de origem africana ou cigana que não podem acompanhá-los durante grande parte do dia.

«Muitos pais não têm formação ou não têm tempo, por trabalharem longe, e deixam as crianças entregues a si próprias ou a um irmão mais velho. Por vezes não há regras e determinados valores, pelo que o nosso apoio psicológico é muito importante», refere.

Apesar dos esforços, o programa educativo da instituição está agora em risco de ser extinguido, uma vez que o donativo monetário utilizado para pagar a coordenadora, essencial ao projecto, acaba no fim de Dezembro.

O Centro Social teme que o fim do apoio motive um grande insucesso escolar entre os alunos com histórias familiares «mais complicadas» e tem pedido o auxílio de várias organizações e empresas, mas «muitas portas se têm fechado».

«Algumas famílias estão 'encaminhadas', mas noutros casos as crianças vão ficar bastante desacompanhadas e com o seu direito ao sucesso comprometido», sublinha.

Lusa/SOL»

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