Monday, February 25, 2008

Uma questão de tempo


Aquando da sua realização, em 2003, a exposição S. João do Estoril e os Banhos da Poça – A Localidade e as Termas (1838-1923) deu a conhecer um núcleo menos divulgado da arquitectura de veraneio dos Estoris. Um levantamento não exaustivo permitiu então identificar 33 chalets, num território balizado pelo Edifício dos Banhos da Poça e, já quase na fronteira com S. Pedro, pela Casa de Amélia Vieira, Vila Amélia, colada à Marginal. Essa exposição e, sobretudo, o estudo que lhe serviu de suporte, teve também o mérito de recuperar a história de muitos outros já desaparecidos.

Todos eles testemunho de um tempo em que as casas tinham um nome com significado. Com significado para os seus e para os lugares onde se implantavam, humanizando-os igualmente desse modo. Com um toque francês, familiar ou épico, muitos deles tornar-se-iam, com a mesma candura, rosto de postal ilustrado: Âncora, Emma, La Mouette, Belle Vue, Pompon, Bijou, Violeta, Castor e Pollux

O núcleo de veraneio de S. João do Estoril é hoje já uma pálida imagem do que foi nos seus tempos áureos, entre adições, alterações, novas construções e vários casos de abandono. Quanto tempo se manterá intacto o que resta desse conjunto, o tempo o dirá. O tempo se encarregará também de dizer até que ponto as práticas das nossas instituições coincidem com o seu discurso.


Créditos imagem: Praia da Poça e Edifício dos Banhos, em postal ilustrado; Col. Dr. João Pedro Oliveira, in catálogo da exposição S. João do Estoril e os Banhos da Poça, ed. Câmara Municipal de Cascais

2 comments:

Anonymous said...

Minha senhora poupe-nos estas lamechices!
"O que resta deste conjunto,o tempo o dirá...",diz a senhora.Qualquer cascalense sabe hoje que a voragem especulativa do último mandato do Sr Capucho é igual ou pior que o de Judas!Se restar algum Património será por obra da contestação da cidadania!

25-2-08 Lobo Villa

MnelVP said...

Eu pessoalmente tenho muitas dúvidas sobre o estudo que acompanhou a exposição: deixou de fora muitos palacetes e chalet da época (finais do sec XIX) com a sua arquitectura majestosa e típica dos banhos (e.g. o torreão) etc.
Agora o Sr. Capucho utiliza o facto de esses palacetes não terem sido incluídos no estudo para autorizar a sua demolição...
Cheira a incompetência ou a interesses escondidos.
Estou a tentar contactar o IPPAR e os responsáveis do estudo para lhes perguntar pessoalmente mas até agora não obtive resposta.