Monday, May 21, 2007

Capucho volta a falar de privatização para uma linha que está "na pré-história"

In Público (20/5/2007)
Luís Filipe Sebastião

«O presidente da Câmara de Cascais, António Capucho, não se põe com rodeios em relação à linha ferroviária que liga Lisboa ao seu concelho: "Em termos de manutenção e segurança, estamos na pré-história."
O autarca social-democrata não tem ilusões acerca das dificuldades que os utentes do transporte ferroviário podem vir a enfrentar caso não sejam transformados em obra os prometidos investimentos de modernização da Linha de Cascais. António Capucho aguarda pelas conclusões do estudo encomendado pela nova administração da Rede Ferroviária Nacional (Refer). Mas não tem ilusões acerca do actual estado da ferrovia, onde "com a obsolescência das composições a solução tem sido a supressão de comboios".
Além das "características bizarras" que isolam esta linha da restante rede, o autarca espera que a Refer avance com a há muito prometida remodelação das estações de São Pedro do Estoril, que precisa de uma passagem pedonal inferior, e de São João, a última com uma cancela que regula o atravessamento rodoviário de acesso à Avenida Marginal. Se a Refer, acrescenta, não tiver dinheiro para investir na Linha de Cascais, "que vá para casa ou privatize" a infra-estrutura, de forma a permitir que os utentes sejam melhor servidos.
A bandeira da privatização foi, aliás, apresentada como um último recurso durante a recente visita de deputados para verificar as condições na linha, após a supressão de vários comboios provocada por dificuldades de manutenção. "Não podemos manter uma linha como a de Cascais numa completa decadência e obsolescência", reforça Capucho.
O autarca, confrontado com o pesado investimento necessário para renovar a infra-estrutura e o material circulante, recusa que se "avance com a construção do TGV e da Ota sem ter a Linha de Cascais em perfeitas condições de funcionamento". António Capucho adianta que "a câmara pretende cativar pessoas para o caminho-de-ferro", promovendo o aumento do estacionamento junto das estações, mas só terá sucesso em articulação com a CP e a Refer, através de mais parques daquelas empresas e de uma nova política tarifária.
O presidente da câmara aguarda também que as entidades ferroviárias decidam acerca do eventual recuo da estação terminal, para melhorar as acessibilidades na "entrada em Cascais", através do projecto de reconversão do centro comercial Pão de Açúcar. Só após o termo do prazo para apresentação do estudo da Refer, no final do mês, António Capucho estudará que medidas o município pode adoptar para fazer valer as suas exigências. Por agora, deixa apenas o aviso: "Não nos vamos calar."»

3 comments:

Pedro said...

"Não nos vamos calar!"
Este parece-me um assunto muitíssimo relevante... mesmo muito mais relevante do que alguns que motivaram movimentações... Deverá merecer toda a atenção dos cidadãos. Já o temos comentado aqui: pode vir a motivar transformações desejadas e que estão bem expressas nas afirmações do Sr. Presidente da Câmara publicadas neste artigo.

António said...

Acabe-se de vez com a linha de comboio.

Metro até Cascais já.

O espaço à superfície que seja aproveitado para ciclovia e dezenas de esplanadas. O espaço liberto seria potenciador de turismo e criador de emprego.

António said...

O acesso ao comboio na maioria das estações é no mínimo caricato, daría para rir, não fora ver-mos crianças, grávidas e idosos caminharem pela linha ou pelas pedras desta, até ao cais de embarque.

Por exemplo em S. Pedro logo pela manhã o espectáculo é digno de abrir noticiários televisivos.