Monday, May 21, 2007
CP precisa de 200 milhões de euros para comboios novos na Linha de Cascais
In Público (20/5/2007)
Carlos Cipriano
«Frota actual está obsoleta, mas prioridades do Governo vão para a alta velocidade
Têm um ar moderno e um interior arejado. Circulam à beira-Tejo numa das linhas mais bonitas do país, mas as automotoras eléctricas de Cascais estão velhas e algumas datam dos anos 50. Dentro de cinco anos, a frota terá que ser renovada, sob pena de esta linha soçobrar com as avarias sucessivas e os elevados custos de manutenção.
A CP já está a preparar um caderno de encargos para uma eventual compra de novos comboios, mas, tecnicamente falida, depende do Governo para poder financiar uma operação que poderá ascender aos 200 milhões de euros. É que um comboio suburbano custa hoje entre cinco a sete milhões de euros e são necessários pelo menos 30 composições para operar naquela linha.
A questão financeira agrava-se quando, do lado da infra-estrutura, a modernização da linha custa 150 milhões de euros. A Refer assumiu, em Junho do ano passado, que avançaria ainda em 2006 com um investimento inicial de 33 milhões de euros, mas não o fez. Questionada pelo PÚBLICO sobre quais as razões desse atraso, não respondeu.
Como o Governo tem dado prioridade aos investimentos na alta velocidade, as duas empresas limitam-se a discutir os cenários possíveis para a Linha de Cascais sem saber o que dela fazer.
O debate entre a CP e a Refer centra-se na mudança de tensão, que, nesta linha, é de 1500 volts em corrente contínua e no resto da rede é de 25 mil volts em corrente alterna. Este "pormenor técnico" - que resulta de Cascais ter sido a primeira linha férrea do país a ser electrificada, em 1926 - faz desta uma "ilha" em relação à ferrovia nacional e impede, por exemplo, que a sua frota seja reforçada com suburbanos vindos de outras linhas.
Uma "ilha" fora da rede
A mudança de tensão teria vantagens: melhor gestão da frota, ligação à Linha da Cintura (através de um túnel em Alcântara) e custos de manutenção mais baixos, tendo em conta que bastaria construir uma única subestação alimentadora de energia eléctrica para toda a linha, em vez de manter as actuais cinco no Cais do Sodré, Belém, Cruz Quebrada, Paço de Arcos e S. Pedro. E outro argumento de peso: a energia eléctrica em alta tensão (25 mil volts) é mais barata do que a de média tensão (1500 volts).
Mas também há desvantagens. A começar pelo custo do investimento, que representaria mudar todo o sistema eléctrico e a difícil fase de transição dos 1500 para os 25 mil volts, que não poderia ser feita de um dia para o outro. Por isso, o caderno de encargos que a CP está a elaborar prevê a compra de unidades com bitensão para poderem receber energia eléctrica dos dois tipos. E há também quem se questione sobre esta mudança, uma vez que a Linha de Cascais já é, na prática, uma "ilha" fora da rede ferroviária nacional, com uma exploração própria.
De resto, as diferenças existem também ao nível do comprimento das composições e da altura das plataformas das estações, que fazem com que o resto da frota da CP Lisboa não pudesse servir nesta linha.
Quanto à ligação de Cascais à Linha da Cintura, deparam-se dois problemas: o custo de um túnel em Alcântara (demasiado próximo do Tejo e com os problemas do Terreiro de Paço como pano de fundo) e o facto de a estação de Campolide não poder receber mais do que dois comboios por hora vindos de Cascais, por já se encontrar congestionada com as circulações de Sintra e da Fertagus.»
Carlos Cipriano
«Frota actual está obsoleta, mas prioridades do Governo vão para a alta velocidade
Têm um ar moderno e um interior arejado. Circulam à beira-Tejo numa das linhas mais bonitas do país, mas as automotoras eléctricas de Cascais estão velhas e algumas datam dos anos 50. Dentro de cinco anos, a frota terá que ser renovada, sob pena de esta linha soçobrar com as avarias sucessivas e os elevados custos de manutenção.
A CP já está a preparar um caderno de encargos para uma eventual compra de novos comboios, mas, tecnicamente falida, depende do Governo para poder financiar uma operação que poderá ascender aos 200 milhões de euros. É que um comboio suburbano custa hoje entre cinco a sete milhões de euros e são necessários pelo menos 30 composições para operar naquela linha.
A questão financeira agrava-se quando, do lado da infra-estrutura, a modernização da linha custa 150 milhões de euros. A Refer assumiu, em Junho do ano passado, que avançaria ainda em 2006 com um investimento inicial de 33 milhões de euros, mas não o fez. Questionada pelo PÚBLICO sobre quais as razões desse atraso, não respondeu.
Como o Governo tem dado prioridade aos investimentos na alta velocidade, as duas empresas limitam-se a discutir os cenários possíveis para a Linha de Cascais sem saber o que dela fazer.
O debate entre a CP e a Refer centra-se na mudança de tensão, que, nesta linha, é de 1500 volts em corrente contínua e no resto da rede é de 25 mil volts em corrente alterna. Este "pormenor técnico" - que resulta de Cascais ter sido a primeira linha férrea do país a ser electrificada, em 1926 - faz desta uma "ilha" em relação à ferrovia nacional e impede, por exemplo, que a sua frota seja reforçada com suburbanos vindos de outras linhas.
Uma "ilha" fora da rede
A mudança de tensão teria vantagens: melhor gestão da frota, ligação à Linha da Cintura (através de um túnel em Alcântara) e custos de manutenção mais baixos, tendo em conta que bastaria construir uma única subestação alimentadora de energia eléctrica para toda a linha, em vez de manter as actuais cinco no Cais do Sodré, Belém, Cruz Quebrada, Paço de Arcos e S. Pedro. E outro argumento de peso: a energia eléctrica em alta tensão (25 mil volts) é mais barata do que a de média tensão (1500 volts).
Mas também há desvantagens. A começar pelo custo do investimento, que representaria mudar todo o sistema eléctrico e a difícil fase de transição dos 1500 para os 25 mil volts, que não poderia ser feita de um dia para o outro. Por isso, o caderno de encargos que a CP está a elaborar prevê a compra de unidades com bitensão para poderem receber energia eléctrica dos dois tipos. E há também quem se questione sobre esta mudança, uma vez que a Linha de Cascais já é, na prática, uma "ilha" fora da rede ferroviária nacional, com uma exploração própria.
De resto, as diferenças existem também ao nível do comprimento das composições e da altura das plataformas das estações, que fazem com que o resto da frota da CP Lisboa não pudesse servir nesta linha.
Quanto à ligação de Cascais à Linha da Cintura, deparam-se dois problemas: o custo de um túnel em Alcântara (demasiado próximo do Tejo e com os problemas do Terreiro de Paço como pano de fundo) e o facto de a estação de Campolide não poder receber mais do que dois comboios por hora vindos de Cascais, por já se encontrar congestionada com as circulações de Sintra e da Fertagus.»
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