Monday, January 29, 2007
Duas mulheres morreram num incêndio em Trajouce
In Jornal de Notícias (29/1/2007)
César Santos
«Duas vítimas mortais e seis desalojados foram o resultado imediato de um incêndio no Bairro 25 de Abril, em Trajouce (S. Domingos de Rana)
Eugénia, 34 anos, cega, e Maria de Fátima, 50, acamada, morreram ontem num incêndio que deflagrou num rés-do- -chão do Bairro 25 de Abril, em Trajouce, na freguesia de S. Domingos de Rana, em Cascais. As causas do incêndio estavam, ao fim da noite, a ser investigadas pela PJ.
O fogo terá começado pelas 15.30 horas. Manuel José Conceição Dias, pai de Eugénia, contou ao JN que, nessa altura, estava a tratar de uma horta ali perto, onde também tem alguma criação. E a sua actual companheira, prima da segunda vítima, chegava com um balde de alimento para os animais. Na casa onde os quatro moravam, já quatro rapazes vizinhos tentavam socorrer as duas mulheres que gritavam por socorro. Em vão. A violência das chamas e o fumo intenso não os deixaram entrar.
Chamados os bombeiros (estiveram lá os da Parede, Carcavelos e Estoril), subiu a parada do infortúnio as bocas-de-incêndio eram incompatíveis com as dos carros de combate. "Esta é uma situação frequente e inadmissível", disse, ao JN, Pedro Araújo, comandante dos bombeiros da Parede, que negou os zunzuns que corriam entre alguns populares: os carros de incêndio tinham chegado sem água, diziam.
A acusação foi negada pelo responsável dos bombeiros da Parede "Não é verdade. Foi com a água dos nossos carros que combatemos o fogo", garantiu, considerando inaceitável que não haja uniformidade nas bocas-de-incêndio. "Esta é uma situação grave que deve ser esclarecida por quem de direito e em relação à qual os bombeiros não podem fazer nada", disse.
Manuel José da Conceição Dias vive naquele bairro de realojamento há nove anos. Ontem foi mais um dia de muito azar. "Fui sempre um desgraçado, nunca tive sorte nenhuma", comentou, com uma calma quase inacreditável em alguém que acabava de perder uma filha e uma parente por afinidade. "Fui criado a pontapé, sempre a trabalhar nessas quintas por aí, só vinha a casa de semana a semana".
O incêndio que ontem levou um misto de agitação e de excitação àquele bairro de Trajouce fez, além das duas vítimas mortais, seis desalojados temporários, que ontem foram pernoitar numa pensão do Estoril.
Freguesia sem socorro
São Domingos de Rana é a única freguesia do concelho de Cascais que não tem corporação de bombeiros. Quando há um incidente, a que avança em primeiro lugar é a da Parede. "Se o incêndio de ontem tivesse ocorrido durante a semana, se calhar a tragédia era maior", desabafou, ao JN, Manuel do Carmo Mendes, presidente da Junta de Freguesia. Segundo o autarca, há já um acordo com os bombeiros de Carcavelos no sentido de estes construírem um posto avançado em São Domingos de Rana. O projecto já tem o aval da Câmara Municipal e do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil. Também já há terreno disponível, na Abóbada. "Falta o financiamento. Dentro de um mês, entregaremos no Ministério da Administração Interna um pedido oficial de financiamento", disse o autarca»
César Santos
«Duas vítimas mortais e seis desalojados foram o resultado imediato de um incêndio no Bairro 25 de Abril, em Trajouce (S. Domingos de Rana)
Eugénia, 34 anos, cega, e Maria de Fátima, 50, acamada, morreram ontem num incêndio que deflagrou num rés-do- -chão do Bairro 25 de Abril, em Trajouce, na freguesia de S. Domingos de Rana, em Cascais. As causas do incêndio estavam, ao fim da noite, a ser investigadas pela PJ.
O fogo terá começado pelas 15.30 horas. Manuel José Conceição Dias, pai de Eugénia, contou ao JN que, nessa altura, estava a tratar de uma horta ali perto, onde também tem alguma criação. E a sua actual companheira, prima da segunda vítima, chegava com um balde de alimento para os animais. Na casa onde os quatro moravam, já quatro rapazes vizinhos tentavam socorrer as duas mulheres que gritavam por socorro. Em vão. A violência das chamas e o fumo intenso não os deixaram entrar.
Chamados os bombeiros (estiveram lá os da Parede, Carcavelos e Estoril), subiu a parada do infortúnio as bocas-de-incêndio eram incompatíveis com as dos carros de combate. "Esta é uma situação frequente e inadmissível", disse, ao JN, Pedro Araújo, comandante dos bombeiros da Parede, que negou os zunzuns que corriam entre alguns populares: os carros de incêndio tinham chegado sem água, diziam.
A acusação foi negada pelo responsável dos bombeiros da Parede "Não é verdade. Foi com a água dos nossos carros que combatemos o fogo", garantiu, considerando inaceitável que não haja uniformidade nas bocas-de-incêndio. "Esta é uma situação grave que deve ser esclarecida por quem de direito e em relação à qual os bombeiros não podem fazer nada", disse.
Manuel José da Conceição Dias vive naquele bairro de realojamento há nove anos. Ontem foi mais um dia de muito azar. "Fui sempre um desgraçado, nunca tive sorte nenhuma", comentou, com uma calma quase inacreditável em alguém que acabava de perder uma filha e uma parente por afinidade. "Fui criado a pontapé, sempre a trabalhar nessas quintas por aí, só vinha a casa de semana a semana".
O incêndio que ontem levou um misto de agitação e de excitação àquele bairro de Trajouce fez, além das duas vítimas mortais, seis desalojados temporários, que ontem foram pernoitar numa pensão do Estoril.
Freguesia sem socorro
São Domingos de Rana é a única freguesia do concelho de Cascais que não tem corporação de bombeiros. Quando há um incidente, a que avança em primeiro lugar é a da Parede. "Se o incêndio de ontem tivesse ocorrido durante a semana, se calhar a tragédia era maior", desabafou, ao JN, Manuel do Carmo Mendes, presidente da Junta de Freguesia. Segundo o autarca, há já um acordo com os bombeiros de Carcavelos no sentido de estes construírem um posto avançado em São Domingos de Rana. O projecto já tem o aval da Câmara Municipal e do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil. Também já há terreno disponível, na Abóbada. "Falta o financiamento. Dentro de um mês, entregaremos no Ministério da Administração Interna um pedido oficial de financiamento", disse o autarca»
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