Sunday, January 28, 2007
Moradores de Murches contestam localização futura ETAR
In Diário de Notícias (28/1/2007)
Francisco Lourenço
Cascais
«Os moradores de Murches, freguesia de Alcabideche, Cascais, estão preocupados com o projecto de construção da futura estação de tratamento de resíduos sólidos e lamas (ETAR), prevista para Outeiro da Lota, Murches. O local está nas proximidades de moradias e condomínios fechados recentes, inseridos em zonas rurais e de baixa densidade.
Preocupados com os efeitos adversos da ETAR, os moradores queixam-se da falta de informação sobre o projecto, temendo maus cheiros - já que o vento norte é predominante - e um impacto ambiental negativo. Por outro lado, assinalam, havendo fugas, os cheiros atravessariam o concelho de Cascais.
O assunto foi discutido na assembleia de freguesia, que contou com a presença do vice-presidente de Cascais, Carlos Carreiras, o presidente da Junta de Alcabideche, Fernando Teixeira Lopes, o presidente da Sanest e Águas de Cascais, bem como de várias dezenas de munícipes.
António Pires, um dos residentes que acompanhou o encontro, garante que "o processo foi muito mal conduzido, a nível de informação e consulta de todo o projecto". Inclusivamente, explica, "o presidente da Junta de Alcabideche deu o seu aval para a instalação da ETAR neste local, limitando-se a dizer que era uma imposição do Governo, para cumprir as directivas comunitárias".
Também António Agostinha manifesta a sua preocupação, lembrando que "nunca fomos verdadeiramente informados da deslocação da ETAR da Guia para Murches" e sublinha que "foi um processo muito obscuro, onde estão em causa cerca de 60 milhões de euros". É que, defende, "este projecto poderia ter sido financiado pelos fundos comunitários e ser localizado num outro lugar mais próximo da ETAR da Guia, perto do Oitavos ou numa pedreira em Birre". Esta solução, conclui, vai levar ao "gasto de dinheiro na construção de túneis subterrâneos que vão atravessar o concelho de Murches à Guia, num distância de mais de quatro quilómetros".
António Agostinha sente-se indignado com a situação. "De acordo com o projecto apresentado, dizem que não vai haver impacto ambiental, mas estão previstas torres de 15 metros de altura e outras de 13 metros para colocar dois depósitos de gás", salienta. Esta situação, diz, "seria camuflada com árvores que tapariam edifícios de cinco andares. O que é impossível de se verificar".
Perto do local escolhido para a ETAR, foi recentemente construído um condomínio de luxo. E, segundo apurou o DN, eventuais proprietários terão desistido de comprar moradias quando souberam do projecto de construção. Contudo, há moradores optimistas. Marcos Leça admite que "depende da execução do projecto. Há ETAR a funcionar na Europa, sem impacto ambiental".
O vice-presidente de Cascais, também vereador do Ambiente, refere que "a responsabilidade deste projecto é do Governo e da Sanest. Mas estamos a tentar reduzir os impactos negativos da obra e da exploração da ETAR". Carlos Carreiras garante ainda que "a posição desta câmara sempre foi contra a localização e estratégia desta ETAR". Para o autarca " deveria ser localizada na Pedreira do Mato da Amoreira, em Birre, de forma a melhorar os impactos ambientais e financeiros do projecto". Seria uma oportunidade, diz, para fazer "um reaproveitamento de uma pedreira desactivada, que é uma ferida no território".
Carlos Carreiras sugeriu ainda que as reuniões e acompanhamento das obras fossem abertas aos moradores, com os quais está prevista uma reunião a 6 de Fevereiro. O autarca referiu ainda na Assembleia de freguesia de Alcabideche que "este ano não vão ser aumentadas as taxas de saneamento em Cascais. Mas para as outras autarquias de Oeiras, Sintra e Amadora, abrangidas pela Sanest está previsto um aumento de cerca de 11% para cobrir a obra".»
Francisco Lourenço
Cascais
«Os moradores de Murches, freguesia de Alcabideche, Cascais, estão preocupados com o projecto de construção da futura estação de tratamento de resíduos sólidos e lamas (ETAR), prevista para Outeiro da Lota, Murches. O local está nas proximidades de moradias e condomínios fechados recentes, inseridos em zonas rurais e de baixa densidade.
Preocupados com os efeitos adversos da ETAR, os moradores queixam-se da falta de informação sobre o projecto, temendo maus cheiros - já que o vento norte é predominante - e um impacto ambiental negativo. Por outro lado, assinalam, havendo fugas, os cheiros atravessariam o concelho de Cascais.
O assunto foi discutido na assembleia de freguesia, que contou com a presença do vice-presidente de Cascais, Carlos Carreiras, o presidente da Junta de Alcabideche, Fernando Teixeira Lopes, o presidente da Sanest e Águas de Cascais, bem como de várias dezenas de munícipes.
António Pires, um dos residentes que acompanhou o encontro, garante que "o processo foi muito mal conduzido, a nível de informação e consulta de todo o projecto". Inclusivamente, explica, "o presidente da Junta de Alcabideche deu o seu aval para a instalação da ETAR neste local, limitando-se a dizer que era uma imposição do Governo, para cumprir as directivas comunitárias".
Também António Agostinha manifesta a sua preocupação, lembrando que "nunca fomos verdadeiramente informados da deslocação da ETAR da Guia para Murches" e sublinha que "foi um processo muito obscuro, onde estão em causa cerca de 60 milhões de euros". É que, defende, "este projecto poderia ter sido financiado pelos fundos comunitários e ser localizado num outro lugar mais próximo da ETAR da Guia, perto do Oitavos ou numa pedreira em Birre". Esta solução, conclui, vai levar ao "gasto de dinheiro na construção de túneis subterrâneos que vão atravessar o concelho de Murches à Guia, num distância de mais de quatro quilómetros".
António Agostinha sente-se indignado com a situação. "De acordo com o projecto apresentado, dizem que não vai haver impacto ambiental, mas estão previstas torres de 15 metros de altura e outras de 13 metros para colocar dois depósitos de gás", salienta. Esta situação, diz, "seria camuflada com árvores que tapariam edifícios de cinco andares. O que é impossível de se verificar".
Perto do local escolhido para a ETAR, foi recentemente construído um condomínio de luxo. E, segundo apurou o DN, eventuais proprietários terão desistido de comprar moradias quando souberam do projecto de construção. Contudo, há moradores optimistas. Marcos Leça admite que "depende da execução do projecto. Há ETAR a funcionar na Europa, sem impacto ambiental".
O vice-presidente de Cascais, também vereador do Ambiente, refere que "a responsabilidade deste projecto é do Governo e da Sanest. Mas estamos a tentar reduzir os impactos negativos da obra e da exploração da ETAR". Carlos Carreiras garante ainda que "a posição desta câmara sempre foi contra a localização e estratégia desta ETAR". Para o autarca " deveria ser localizada na Pedreira do Mato da Amoreira, em Birre, de forma a melhorar os impactos ambientais e financeiros do projecto". Seria uma oportunidade, diz, para fazer "um reaproveitamento de uma pedreira desactivada, que é uma ferida no território".
Carlos Carreiras sugeriu ainda que as reuniões e acompanhamento das obras fossem abertas aos moradores, com os quais está prevista uma reunião a 6 de Fevereiro. O autarca referiu ainda na Assembleia de freguesia de Alcabideche que "este ano não vão ser aumentadas as taxas de saneamento em Cascais. Mas para as outras autarquias de Oeiras, Sintra e Amadora, abrangidas pela Sanest está previsto um aumento de cerca de 11% para cobrir a obra".»
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