Friday, July 20, 2007

Comentários à petição:

«Vocês são do tipo: Se o mandarmos abaixo somos os seus melhores amigos.
Já ouviram falar de património cultural ?
É mais ou menos isto:
Estamos habituados a ter um mamarracho em nossa casa. Um tareco que pouca gente gosta mas, como sempre lá o tivemos, preferimos ter porque tem valor estimativo, a nossa vida nunca será a mesma se o deitarmos para o lixo.
É patrimonio individual.
Se essa memória fizer parte de um colectivo de pessoas, então é património colectivo ou cultural, mesmo quando esse tareco não vale nada.
Não era o caso do estoril sol» (Jorge Palma)

«Estoril Sol era de facto um mamarracho,o novo projecto é inovador,atrevido e bonito,finalmente cascais tem o que merece.Esta petiçao é de uma falta de actualidade,vivemos no sec.XXI,somos cidadaos do planeta terra,queremos cidades modernas praticas e com infraestruturas,onde os nossos,tenho 6, filhos possam viver c qualidade,nao queremos cidades desertas.Volumetria esta bem distribuida,tem bonitos espaços verdes,projeto arrojado,estao de parabensos promotores e o arquitecto....este é um pais onde ainda existem muitos saloios invejosos sem mundo.Peguem numa mochila e vao ver mundo fazia vos bem a v. e a nós que nao nos faziam perder tempo com petiçoes tardias e absurdas» (Maria Garcia)


«Caros amigos do ambiente e vizinhos da Marginal,

Foi com bastante surpresa que observei este novo projecto inovador que é o Novo Estoril Sol, no entanto foi ainda com maior surpresa que tomei conhecimento desta petição que , no meu entender não faz qualquer sentido pelas razões que passarei a enunciar:
1) O mundo em que vivemos está num processo intenso e de uma pura e inimaginável inovação, Portugal tem tentado "apanhar o rasto" que os restantes países do mundo e em particular os Europeus têm deixado, deste modo o projecto segue este sentido;
2) Nós Portugueses somos tão avessos à mudança que este tipo de petições vem ao encontro desta forma de estar e viver nacional que tem de mudar;
3) Pergunto às pessoas que têm aquelas fotos de viagens ao lado daqueles edificios enormes, muito bonitos e inovadores se não gostariam de ter uma foto dessas mas tirada em Portugal, ou só aquelas fotos tiradas no estrangeiro é que são bonitas e tem valor.

Não querendo aprofundar mais, me despeço com o sentido de dever cívico cumprido que é o apoio a projectos inovadores que consolidem a imagem de localidades/vilas/cidades etc... que carecem de crescimento e desenvolvimento que este tipo de projecto traz aquando a sua existência.Melhores cumprimentos» (João Rebelo)

3 comments:

Anonymous said...

Deixo como contribuição, na minha primeira intervençao, este excerto do intemporal, "A Arquitectura Popular Portuguesa",
[...]
Eivados de influências citadinas, seduzidos pelo fulgor dos grandes centros e do aparato das suas realizações, desprezam as lições de sobriedade, de funcionamento e de coerência, que podia colher «in loco», para imporem aos burgos aquilo que consideram uma feição progressiva – e que é apenas, em enúmeros casos, parecida com a dos meios maiores. Feição inadequada, com excessiva frequência, que alimenta vaidades pacóvias mas não beneficia nem embeleza esses mesmos burgos.
[...]
Infelizmente, parece ser este mais um caso em que nos esquecemos do que temos e sabemos fazer de melhor para nos propormos a ser iguais aos outros, que nos extasiam com as suas modernices (arquitectónicas), que a eles até ficam bem , dado o enquadramento. Esquecemo-nos das nossas melhores qualidades, e são muitas, mas que ainda mais se perdem porque queremos, à força, também nós, sermos modernos, nem que para isso tenhamos que nos rodear de fealdade neste puzzle de antíteses arquitectónicas que perfaz uma paisagem que fere a vista, em que nada joga, em que não existe harmonia.
Como não o conseguimos - ser tão modernos quanto eles porque não podemos (e ainda felizmente muitos de nós nem o queremos), apagar o passado nem as marcas que ele deixou, lindas por sinal, - não chegamos a lado nenhum - nem a eles, e ainda acabamos por perder também o que nós somos. Esta mania de querer imitar e de não ser genuíno ! Os mais belos edifícios construídos em Portugal, como repararão, não o foram neste século e continuam lindos até hoje.
Mas, já nem se pede tanto.
Limitam-nos ao que somos, que é ser muitíssimo bom no que fazemos, sem caír nestas "vaidades" arquitectónicas de querer ser outra coisa e ter outras paisagens que não as nossas. Custa caro a todos.
Está à vista.
Um abraço.

Pedro said...

obrigado jorge palma.

Pedro said...

Ah! e já agora (é de absoluta justiça)... obrigado Paulo Ferrero, pela abertura do debate dando voz as todas as vozes, e, claro, pelo incansável trabalho de alimentar a participação das cidadanias (esta e outras).