“Desse encontro entre duas pessoas admiráveis pela sua inteligência e sensibilidade, nasceu uma grande amizade, tendo em comum a paixão pelo mar, desporto, fotografia, ciência e tecnologia. Essa empatia foi reforçada, ao longo dos anos, através de uma troca de correspondência assídua entre D. Carlos e o Príncipe Alberto, informando reciprocamente sobre os progressos das respectivas investigações, nomeadamente no oceano Atlântico.
Com o decorrer do tempo, o rigor e a qualidade científica dos estudos de D. Carlos sobre a biodiversidade marinha, as correntes do litoral e as cartas batimétricas do “mar português”, permitiram-lhe o reconhecimento e a designação de “Monarca Sábio” pelo príncipe Alberto de Mónaco. É de recordar que o príncipe de Mónaco efectuou doze campanhas no Mar dos Açores que tanto o fascinava (...). [Ao longo desses anos], teve a oportunidade de fazer amizades no Arquipélago, nomeadamente na Ilha de São Miguel. Entre os seus amigos açorianos, incluía-se o conde de Fonte Bella, Jacinto da Silveira de Andrade de Albuquerque Gago da Câmara, que o costumava acompanhar, seguindo a bordo do seu iate Áquila. Este era uma das maiores escunas portuguesas, com dois mastros, medindo 30 metros e deslocando 130 toneladas. Fora construído nos estaleiros de Ponta Delgada. Dispunha de uma decoração interior requintada e também de um laboratório.
O
Áquila entrara ao longo dos seus mais de 20 anos de existência não só em campanhas oceanográficas mas também em regatas, sendo quase o único a arvorar e a prestigiar nessas competições o pavilhão de Portugal. A sua deslocação rápida, sulcando as águas com as velas enfunadas e deixando um rasto de espuma, assemelhava-se ao voo de uma águia, daí o seu nome. Era belo de se ver o
Áquila fundeado na baía de Cascais, tendo essa imagem sido imortalizada pelo rei D. Carlos numa das suas famosas aguarelas”.
Excerto de uma belíssima evocação de D. Carlos e da sua amizade com o Príncipe Alberto I do Mónaco por Maria Manuela da Câmara Falcão. Versão integral do texto, aqui.
Crédito imagem: D. Carlos, fotografado na Cidadela de Cascais, s/d (imagem publicada no site da Escola Secundária de Alvide)
2 comments:
Quero deixar aqui a minha gratidão pela homenagem prestada ao Rei Dom Carlos,como homem da ciência e das artes,pela justa consagração com uma estátua junto á Cidadela.
E saudar o Pres.da República e da CMC.pela homenagem.
19-2-08 Lobo Villa.
E já agora acrescento que,na secular tradição das Belas Artes Públicas(desde a Antiguidade Grega),a intervenção no espaço público era uma arte "integrada",arquitecto-escultor-pintor,(como o foi no Terreiro do Paço,veja-se a Memória de Machado de Castro),porque o que aqui falta é precisamente o arquitecto,para relacionar as partes com o todo,naquele espaço,resultando a base,de ferro-madeira,exígua, em relação á volumetria da figura.Também a balustrada é demasiada.Mas tudo relativamente bem,mil vezes melhor que Sá Carneiro ou Duarte Pacheco...
Falta porém entender o desaparecimento "silencioso" da Àguia que lá estava,(bonita,por sinal)monumento evocando a travessia do Atlântico por Gago Coutinho e Sacadura Cabral.E que neste blog já foi comentado,sem resposta,claro.
São estes "silenciosos" actos dos poderes públicos que ficaram da ditadura...e que teimam em desaparecer!
7-3-08 António Lobo de Villa
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