Thursday, March 06, 2008

Queimada em Sintra-Cascais terá provocado fogo florestal

In Público (6/2/2008)
Luís Filipe Sebastião


«O vento soprava forte na serra, mas a queima de resíduos florestais só por acaso não levou a mais uma tragédia no parque natural


Uma queimada descontrolada, numa zona onde se encontrava a trabalhar uma equipa de sapadores florestais, junto à barragem do rio da Mula, levou ontem de novo as chamas ao coração do Parque Natural de Sintra-Cascais. O vento, que soprava forte e ajudou à rápida propagação do fogo, acabou por auxiliar a missão dos bombeiros quando mudou de orientação.
Os bombeiros foram alertados às 10h09. Segundo o comandante distrital de operações de socorro, Elísio Oliveira, as chamas foram de início combatidas "por brigadas de sapadores florestais que se encontravam no local". O responsável da Autoridade Nacional da Protecção Civil adiantou que o sinistro terá começado junto a uma linha de água, perto da barragem do rio da Mula, mas que "um ataque de forma musculada" nos primeiros momentos permitiu conter as labaredas. No total, terão sido consumidos "entre dez a 15 hectares" dos perímetros florestais da Penha Longa e da serra de Sintra. Elísio Oliveira remeteu o esclarecimento do que terá originado o sinistro para as investigações da Polícia Judiciária e do Serviço de Protecção da Natureza da GNR. O comandante das operações de socorro confirmou, no entanto, que a área que ardeu "está a ser intervencionada pelo Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade e pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais".

"Silvicultura preventiva"
A intervenção das equipas do ICNB e da DGRF consiste na limpeza dos matos e redução da matéria combustível no perímetro florestal. Essa tarefa está confiada a equipas de sapadores florestais constituídas com o apoio das câmaras municipais. Ontem de manhã encontravam-se a trabalhar na serra duas daquelas brigadas, uma de Cascais, junto à barragem do rio da Mula, e uma de Sintra, em outro ponto da serra.
Um responsável da Protecção Civil Municipal de Cascais explicou que os sapadores florestais estavam a realizar "silvicultura preventiva". Mas o vereador da Protecção Civil, Pedro Mendonça, negou que os trabalhos incluíssem fogo controlado, técnica que, notou, "só pode ser realizado em determinadas condições favoráveis de temperatura, humidade e vento".

Diversas fontes admitiram ao PÚBLICO, porém, que o fogo tenha sido originado por uma queimada de resíduos florestais, e sendo assim desaconselhável num dia com o grau de alerta amarelo, o segundo numa escala de quatro, para 11 distritos do país, precisamente devido à previsão de vento moderado a forte.
A ventania, responsável por várias projecções de material incandescente, acabou por facilitar a vida aos bombeiros quando mudou na direcção de Cascais. Se tivesse mantido a orientação da serra, a história seria mais trágica. »

A mesma história, vezes sem conta: quando não é fogo posto para depois construir é incúria e incultura. Uma desgraça, este país.

2 comments:

Da Serra said...

Mais do mesmo.
As pessoas não sabem o que estão a fazer.
Pior, são tantos os organismos a mandar, tantas as ordens e contra-ordens, que depois dá no que deu.
(Adorei o "ataque de forma musculada")...
Também fiquei de boca aberta ao saber que o helicópetro tinha vindo de Santa Comba Dão, com um Kamov a apanhra banhos de sol em Tires...
Ele há cada uma...

Anonymous said...

Quando vejo um incêndio aqui na zona Sintra-Cascais,não consigo evitar de pensar na "urbanização".Porque é esse o paradigma da nossa "economia" do betão.E porque estamos piores nesse aspecto:a lei do Ambiente(feita pela SEA de Ribeiro Telles,anos 70/80)proibia a construção por 10 anos nos terrenos ardidos;recentemente alterada,a proibição legal agora é de 1 ano...(se se provar isto e + aquilo...,que nunca se prova).
Era Sec de Est do Ambiente Amílcar Teias,se não erro,autor desta proeza.Mas tanto faz ser PS ou PSD,(a nova "União Nacional",fascizante,que nada tem de "Bloco-Central",não confundir)
porque nunca nenhum político,até agora,foi responsabilizado pelos seus erros ou crimes.E a questão dos incêndios é um dos maiores crimes por apurar.

7-3-08 Lobo Villa