Wednesday, November 21, 2007

Sim Sua Exª, eu quero o meu quinhão do quintal dos meus vizinhos.

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Na Assembleia Municipal que se reuniu em 19 de Novembro, foi muito interessante e revelador (mas constrangedor), sobreviver ao tempo que durou até que o Sr. Dr. Carlos Carreiras terminasse de "esclarecer" a Assembleia e os cidadãos, sobre o "caso Montrose"... chegou até a ser pungente, a forma como o Sr. Vice-Presidente - a propósito do dito "caso" - sentiu ser necessário e de superior interesse, defender a sua virtude (que sente ofendida) de pessoa e autarca, que NUNCA concordou com o mal-formado PDM [o mesmo que agora - hélas - tem de fazer respeitar, e que - esperamos - com igual convicção e denodo, está a (co)mandar ALTERAR (estará?)]... interessante também, sublinhar o troféu que ostenta, como coroação e emblema da sua actuação como responsável pela condução de políticas urbanísticas. Diz o Sr. Dr. que "indefere mais licenciamentos do que licencia", donde, por isso, não se sente O responsável pela construção desenfreada no Concelho... acreditamos. Adiante!

Quanto ao "Caso Montrose" (emblemático e doloroso, doa a quem doer... e que doa a TODOS), o Sr. Carreiras afirma - mesmo já com conhecimento da pronuncia do Tribunal Administrativo no sentido do embargo desta obra! - que todo o processo cumpriu as formalidades legais obrigatórias (pareceres positivos do cultíssimo IPPAR incluídos), pelo que, assim sendo, se trata de uma obra legítima. Os hábeis juristas de serviço à Câmara, em conjunto com os não menos hábeis juristas ao serviço do promotor, estudarão a pronuncia do Tribunal nos próximos dias...

Mas, por entre uma indisfarçável (e sintomática?) necessidade de se justificar, e não respondendo com objectividade às questões levantadas pelos cidadãos sobre este caso, achou Sua Exª adequado, deixar "no ar" um insulto aos cidadãos: Considerou que a manifestação de oposição a esta obra, é movida por um grupo de pessoas, que querem fazer SEU um logradouro, nos terrenos privados de um seu vizinho!!!!
Esta (des)consideração é não apenas isso mesmo: um desqualificado e despropositado INSULTO aos seus concidadãos; como revela em simultâneo, que não entende nada (ou não lhe dá jeito entender) de Património, de Arquitectura e de Paisagismo, das suas importâncias na paisagem urbana, na cultura congregadora das sociedades, e dos fenómenos sociais de identificação de peças e conjuntos de Património colectivo.

Não merece qualquer comentário o insulto. Mas, valerá a pena (?) esclarecer que "Património" com "interesse público" nasce, precisamente, quando qualquer elemento adquire e justifica, o interesse de um grupo social (o público), que se estabelece para além dos seus proprietários. 
É isso que acontece, por exemplo, com O CONJUNTO INDISSOCIÁVEL do Chalet e jardins Villa Montrose: os cidadãos do Concelho (pelo menos) TÊM TODO O DIREITO E LEGITIMIDADE - e argumentos sólidos que o justificam -  a lutarem para a consagração, defesa e preservação daquele conjunto.
Ou seja, reconhecido o valor patrimonial da Villa Montrose, ele torna-se património de interesse colectivo e já não, sómente, privado. Doa a quem doer... e isto não é forçosamente um ataque ao  sacrossanto (como alguns o parecem considerar) direito sobre a "propriedade privada".
Por isso, Exmº Sr. Carlos Carreiras, eu, cidadão, quero - como diz - que o conjunto Chalet e Jardins da Villa Montrose, sejam considerados património cultural colectivo a proteger. QUERO-OS TAMBÉM UM POUCO PARA MIM e para os restantes cidadãos de Cascais (nem que seja para o vermos a partir das nossas ruas que qualificam). Diga - se quiser -  que quero fazer um logradouro em propriedade de outrém. Pois bem, é isso mesmo que quero. E encontrar soluções para resolver os problemas que isso implica, é um problema político para ser resolvido pela Autarquia e competentes orgãos da Administração da coisa pública.

A ausência de acção nesta área em Cascais, por dezenas de anos - tal como foi relembrado pela Srª Drª Raquel Henriques da Silva -  é uma omissão grave, que noutras civilizações, com outros valores, poderia ser classificada como de lesa património e gestão danosa dos interesses públicos. A perca do conjunto Villa Montrose, é uma perca de MAIS UMA parte dos interesses colectivos com a anuência e, porventura, com a cumplicidade da Câmara Municipal de Cascais.

E a solução que Vª Exª toma como pertinente e viável (de destruir a parte "verde" do conjunto, para "rentabilizar" o espaço, construindo novo edificado, e assim juntar o dinheirinho suficiente para conseguir preservar o Chalet) é pouco imaginativa, é um lugar-comum, culturalmente ignorante, e na prática, sendo que o problema é, então, dinheiro (!!!), revela uma única coisa: miséria... e "contabilidade" de mercearia... igual à contabilidade que coloca o país no sítio em que está: na cauda de já nem se sabe bem do quê.

Passe bem Vossa Exª, Sr. Carlos Carreiras.

5 comments:

Umberto Pacheco said...

Assisti à reunião da assembleia Municipal. A intervenção do vereador Carreiras não me surpreendeu...é já um hábito. Vaidoso, do alto dos seus êxitos políticos (que infelizmente não o são dos cidadãos), autista e com complexos de impunidade que a maioria absoluta lhe dá e a solidariedade política do seu Presidente de Câmara assegura, tornou-se um sacrifício ouvi-lo.As mentiras constantemente repetidas (basta confrontar as folhas que vão às reuniões de câmara e onde consta a lista dos processos deferidos e indeferidos, para confirmar a falsidade das suas declarações), o aliviar desculpas para terceiros, esquecendo que o seu partido governa a câmara há mais de 6 anos, a mordaça informativa que esconde as decisões (Hotel Estoril-Sol, Montrose, Scala, Nau, Atlantico, Praça de Touros, etc, etc), a propaganda permanente que esconde insuficiencias, tudo isso faz sentir saudades do tempo em que os animais não falavam... Enfim... o povo assim quis...

Anonymous said...

Ao Pedro Partidário. De que partido és tu ?......vá assume.
Dou 3 hipoteses:
a) socialista
b) auto-terrorista, é cada tiro no pé.
c) dor de......

J.N.Barbosa said...

Os argumentos do sr. Carreiras:
1.Está tudo legal -- Nunca houve dúvidas. O problema é esse.O autarca está lá para tomar decisões e assumir responsabilidades, senão bastava um amanuense a carimbar projectos.
2.Já havia prédios altos ao lado.-- É a teoria da mancha de óleo.A poluição vai chegar a todo o bairro.
3.Os reclamantes querem usufruir de um logradouro privado à borla.-- Os nossos eleitores são uns golpistas...
4.O pulmão verde.-- Vá ver o Google.

Pedro said...

(um rápido esclarecimento para reduzir o espectro de fait divers na discussão sobre este assunto)

Caro anónimo (e futuros anónimos que por aqui surjam),
[quanto à hipótese a)] Não sou socialista. Tal como não sou filiado, nem simpatizante de nenhum outro partido... aliás, nem hesito na crítica ao governo socialista da autarquia, e sua responsabilidade nos dislates urbanísticos que nos legou. Quanto a essa "governação", nem pestanejo a apontar a ausência de actuação significativa - apontando mesmo tentativas de acção destrutiva - no que respeita à defesa e valorização de Património construído e natural em Cascais.

[quanto às hipóteses b) e c)] têm toda a liberdade de especular sobre essas e outras hipóteses, desejando-vos que sintam imenso prazer com isso.

Anonymous said...

Não existe maturidade nos nossos políticos e governantes, ignorantes sem cultura e apátridas numa ganância e sofreguidão extraordinária consomem este nosso país. Falta-lhes mundo!
O ultimo que feche a porta e apague a luz!